A diversidade na era digital

Decorreu, no passado dia 24 de outubro, o Seminário Permanente de Políticas de Comunicação e Cultura dedicado ao tema da rádio e do audiovisual. Manuel Fernández Sande, investigador espanhol que ministrou a sessão, falou sobre a concentração e a diversidade audiovisual, apontando aspetos positivos e negativos da nova era digital.

Em visita à Universidade do Minho no âmbito do programa de mobilidade docente Erasmus, Manuel Fernández Sande partiu do conceito de diversidade para olhar a rádio no contexto digital. De acordo com o investigador da Universidade Complutense de Madrid, a ideia de diversidade pode gerar múltiplas interpretações. No campo da comunicação, a diversidade poderá ter uma leitura negativa em resultado da concentração da propriedade dos média e paradoxalmente positiva enquanto forma de procurar um acesso equitativo aos conteúdos através de novos nichos e da otimização de frequências.

Para Manuel Fernández Sande, medir a diversidade dos meios de comunicação é uma tarefa complexa, sobretudo em contexto online, pois as empresas são mais opacas e os dados escassos. Do ponto de vista das políticas de comunicação, o investigador lembrou que qualquer política pública que procure fomentar a diversidade deve assentar em três dimensões: as fontes, os conteúdos e a exposição. Reforçou, ainda, que é necessário desenvolver políticas eficazes que possam ir além de um discurso comemorativo.

Durante o seminário, Manuel Fernández Sande apontou algumas ameaças à diversidade, nomeadamente a existência de alianças de aglomerados nacionais, a homogeneização de conteúdo por meio de tags e metadados e a predominância de algoritmos de recuperação de conteúdo.

Relativamente à rádio no online, Manuel Fernández Sande acredita existir uma desconexão entre o que é estudado na academia e o que de facto acontece no mercado. Para o investigador, ainda que a rádio esteja em mudança, o consumo é ainda muito semelhante ao convencional. Neste contexto, Manuel Fernández Sande defende a emergência de fatores de rutura do modelo tradicional, nomeadamente novos formatos, novas narrativas, diferentes modelos de negócio e alterações nos contextos tecnológicos e na própria regulamentação.

Perante estas mudanças, a rádio no online enfrenta vários desafios, entre eles a necessidade de novos sistemas de medição de audiências, de novas estratégias de marketing, assim como novas linguagens e formatos de publicidade.

O Seminário de Permanente de Políticas de Comunicação e Cultura é uma iniciativa do PolObs, Observatório de Políticas de Comunicação e Cultura do CECS.

[Texto publicado a 25-10-2018]