Ambiente e Justiça, Alterações Climáticas e Genética. O que têm em comum estas áreas de conhecimento? Anabela Carvalho e Helena Machado, ambas investigadoras do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, foram duas das cientistas escolhidas para integrar a nova edição do livro Mulheres na Ciência, uma homenagem da Ciência Viva às mulheres cientistas portuguesas. As investigadoras estiveram à conversa com a equipa do CECS e contaram um pouco sobre o seu percurso académico e sobre o convite que lhes endereçaram.
Doutorada em Geografia, pela University College London, em 2002, Anabela Carvalho é Professora Associada no Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho onde leciona disciplinas como Comunicação, Ciência e Ambiente, Comunicação Internacional e Comunicação Política. É a Diretora do Doutoramento da FCT “Estudos de Comunicação: Tecnologia, Cultura e Sociedade“, que funciona em regime de consórcio com seis centros de investigação nacionais. A sua investigação centra-se sobre os domínios da Comunicação e Ambiente, Comunicação e Ciência e Comunicação e envolvimento político, com particular incidência no tema das alterações climáticas.
Participou na fundação da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação, da International Environmental Communication Association e é sócia da IAMCR e da ECREA, onde foi vice-chair da Secção de Comunicação de Ciência e Ambiente. Foi ainda a Investigadora Responsável de projetos financiados pela FCT “The Politics of Climate Change: Discourses and Representations” (2005-2008) e “COMPOLIS – ‘Communication and Political Engagement with Environmental Issues” (2013-2014).
Helena Machado é professora catedrática no Departamento de Sociologia do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. É especialista em Sociologia do Crime, com um enfoque particular nas relações entre os média e o sistema de justiça, assim como nos desafios éticos e societais decorrentes do uso da genética em formas contemporâneas de governação da criminalidade.
Em 2015, foi-lhe atribuída uma Consolidator Grant do Conselho Europeu de Investigação, um dos mais prestigiados e competitivos financiamentos para investigação científica de excelência em espaço europeu. A sua investigação é de natureza transdisciplinar, intersectando os Estudos Sociais da Ciência, a Bioética, a Sociologia e a Criminologia para explorar de que forma a genética desencadeia desafios acutilantes para o exercício da cidadania, democracia e controlo social nas sociedades contemporâneas.
Entre a sua obra constam Genética e Cidadania (2017), Tracing technologies: Prisoners’ views in the era of CSI , com Barbara Prainsack (2012), Direito, justiça e média – Tópicos de sociologia, com Filipe Santos (2012) e Manual de Sociologia do Crime (2008).
Mulheres na Ciência 2019: a iniciativa
Portugal é um dos países da Europa onde é maior a percentagem de mulheres que se dedicam à investigação, aumentando o número de investigadoras portuguesas a merecerem altas distinções internacionais. De acordo com o relatório Diagnóstico do Sistema Nacional de Investigação e Inovação (2013), “Portugal, em termos da distribuição por género do pessoal investigador na população ativa, revela uma presença feminina (0,88%) acima da média comunitária (0,76%)”. De facto, no contexto português, 46% dos investigadores são mulheres. Há, contudo, ainda muito caminho a percorrer para que o trabalho das jovens investigadoras portuguesas possa ser destacado.
A iniciativa Mulheres na Ciência procura, pois, inspirar jovens a seguir a sua vocação e motivar um investimento num mundo melhor. Em 2016, a Ciência Viva lançou o livro Mulheres na Ciência, reunindo retratos de 103 cientistas portuguesas de reconhecido mérito e provenientes de áreas de investigação diversas. Um ano mais tarde, em 2017, a edição foi revista e aumentada com mais 34 novos retratos. Todas estas fotografias foram compiladas num módulo digital exposto no Pavilhão do Conhecimento.
Hoje, dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é lançada, em Lisboa, a nova edição do livro Mulheres na Ciência, com mais 100 novos retratos de mulheres cientistas. Para desenvolver este trabalho foram convidados os fotógrafos Augusto Brázio, Rodrigo Cabrita, Gonçalo F. Santos e Rita Carmo.
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