Apresentação do livro Da ‘Portugalidade’ à Lusofonia, na Feira do Livro de Braga

Moisés de Lemos Martins apresentará o livro “Da ‘Portugalidade’ à Lusofonia“, de Vítor de Sousa, na Feira do Livro de Braga, no dia 10 de julho, pelas 16h00, no Espaço Forum Braga.

A publicação do CECS resulta da tese de doutoramento do investigador Vítor de Sousa, orientada por Moisés de Lemos Martins, e procura “observar de que modo a ‘portugalidade’ pontua a construção da lusofonia”.

Diz-nos Vitor de Sousa que apenas em 2010 ouviu falar pela primeira vez em ‘portugalidade’. “Tratava-se de uma palavra que, de imediato, me provocou uma grande interrogação. Eu, que em quase toda a minha vida profissional havia sido jornalista e realizado, por conseguinte, várias entrevistas e reportagens, utilizando diariamente o português como instrumento integrante do meu processo produtivo, sentia-me desconcertado perante uma palavra, aparentemente simples, mas para a qual eu não conseguia fazer corresponder qualquer significado, uma vez que nunca me tinha deparado com ela. Foi uma situação que, para além de intrigante, me causou algum embaraço devido à minha impossibilidade explicativa”, lembra o autor. “A tentativa de esclarecimento revelou-se problemática: havia ‘portugalidades’ para todos os gostos e feitios”, acrescenta Vitor de Sousa.

A proposta apontada na tese e no livro “vai no sentido de se saber até que ponto a marca da ‘portugalidade’, profusamente difundida em pleno Estado Novo, sublinhando alegadas características adstritas ao povo português, numa relação apologética a esse regime, ‘afetou’, por via da propaganda e da ideia de ‘império ultramarino’, as dinâmicas relacionais com os povos das ex-colónias portuguesas, plasmadas na ideia de lusofonia, um conceito pós-colonial, mas com um lastro que se reporta à época dos Descobrimentos portugueses”. O investigador do CECS afirma ainda que “é por isso que a minha convicção, o meu propósito de investigação, releva da perspetiva de que não pode haver lusofonia em conjugação (ou em simultaneidade) com ‘portugalidade'” e que “esta investigação pode contribuir para promover a reflexão que ainda está por fazer sobre a ‘portugalidade’, as suas origens, respetivas marcas e interpretações, nomeadamente na própria lusofonia”.

Sobre a obra, Moisés Martins refere que “Vítor de Sousa é sistemático, rigoroso e meticuloso na consideração de todas estas questões. Sobre a assombração da figura de ‘portugalidade’, que vampiriza a figura de ‘lusofonia’, chega a dizer que ‘não pode haver lusofonia com portugalidade’. Mas não é apenas sobre equívocos, antigos e modernos, luso-tropicalistas, neocoloniais, ou outros, que se ocupa Da Portugalidade à Lusofonia. Esta obra ensaia sobre as possibilidades da Lusofonia, não apenas como figura, mas também como espaço geocultural, transnacional e transcontinental”. E acrescenta “Da Portugalidade à Lusofonia não é, sem mais, uma tese de doutoramento, entre muitas, que agora é publicada em livro. Com esta tese ganhou Vítor de Sousa, em 2016, o Prémio Mário Quartim Graça, da Casa da América Latina, um prémio que a distinguiu como a melhor tese de doutoramento, submetida a concurso em Ciências Sociais, em Portugal e na América Latina. Através dos seus leitores, espera-se, agora, que Da Portugalidade à Lusofonia possa prosseguir o combate, não apenas da afirmação da diferença plural, em que radica o espaço lusófono, mas também do reconhecimento da diversidade dos povos e culturas que o constituem”.

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