As diferentes vozes da investigação e o tempo em destaque na terceira sessão dos Seminários Doutorais 2016-2017

Rita Ribeiro e Joaquim Paulo Serra foram os oradores da terceira sessão dos Seminários Doutorais 2016-2017, que se realizou no dia 21 de abril (10h30), na sala de atos do Instituto de Ciências Sociais. A investigação, as diferentes vozes e o tempo foram os temas em destaque.

“Ouvir as vozes: narrar, interpretar, resgatar” foi a temática abordada por Rita Ribeiro. A investigadora, que é doutora em sociologia e mestre em antropologia, Professora Auxiliar do Departamento de Sociologia, integrando a direção do CECS, onde desenvolve investigação na área da sociologia da cultura, referiu-se às várias ferramentas que ajudam ao desenvolvimento da investigação, nomeadamente a entrevista, e de como a multiplicidade de vozes pode fazer uma teoria e “integrar as contradições da realidade no modo de fazer ciência”, devendo também assumir-se a nossa própria voz, já que, como evidenciou, “escrever é pensar”.

Por seu turno, Joaquim Paulo Serra abordou uma temática recorrente: “O problema do tempo na investigação”, sublinhando tratar-se de “um problema que [na investigação e não só] todos temos”. Perspetivou o tempo na história, desde Santo Agostinho, numa problemática que ganhou lastro a partir de Galileu. E, citando Stefan Hawking (Uma história do tempo), questionou o que existiria antes do tempo, antes do ‘Big Bang’, para deixar no ar que o tempo também poderá ter um fim. Este Professor Catedrático da Universidade da Beira Interior no Departamento de Comunicação e Artes e investigador na unidade de I&D Labcom.IFP – Comunicação, Filosofia e Humanidades, que também é Presidente da Faculdade de Artes e Letras e coordenador científico do Labcom.IFP, da UBI, e Presidente da Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação (Sopcom), falou de várias triangulações enquanto possibilidades da investigaçãoo, nomeadamente entre tempos e a utilização dos vários recursos à disposição: “A triangulação dos dados no tempo, por exemplo, em que se olha para os dados de hoje e se cruzam com os resultantes de investigações já realizadas”. Para o efeito, deu exemplos de investigações constantes de teses de doutoramento. Referiu-se ao aspecto conceptual do tempo, sublinhando não se poder dizer que haja um melhor do que outro, já que todas resultam de reflexões filosóficas. E evidenciou os aspetos da predição, da previsibilidade e da conceptualização nas Ciências Sociais e nas ditas Ciências Exatas, para se referir à incerteza que pauta a contemporaneidade: “à medida que a sociedade se vai estudando a si própria, alteram-se os próprios sistemas sociais”. E ilustra com um caso recente: “quem conseguiria prever que nos EUA Donald Trump ganharia as eleições presidenciais?”.

Organizados pelo CECS e pelo Departatamento de Ciências da Comunicação da Universidade do Minho, estes seminários vão no sentido de melhorar as competências metodológicas dos alunos, promover a reflexividade nas práticas de orientação, e a troca de experiências entre os vários protagonistas presentes num processo de doutoramento. O próximo seminário está marcado para 26 de maio e terá como protagonistas Emília Araújo (CECS) e Filipa Subtil (ESCS).

 

Texto e fotografia: Vítor de Sousa