CECS participa em projeto de investigação-ação no maior campo de refugiados do mundo

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a comunidade de refugiados Rohingya em Cox’s Bazar, no Bangladesh, acabam de lançar o website do Centro de Memória Cultural Rohingya (Rohingya Cultural Memory Centre), oficializando o projeto no qual colabora Lurdes Macedo, investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, na qualidade de consultora em Estudos Culturais.

O Centro de Memória Cultural Rohingya oferece um espaço comunitário no terreno, e agora também online, com galeria interativa, arquivo digital e exposição na web. Esta é uma das iniciativas mais significativas para documentar e preservar a herança cultural do povo Rohingya, original do estado de Rakhine, no Myanmar. O website pode ser acedido aqui.

Atualmente, há quase 1 milhão de Rohingyas nos campos de refugiados de Cox’s Bazar, os quais vivem com limitados meios de expressão. O Centro de Memória Cultural Rohingya oferece apoio psicossocial através de atividades culturais, bem como um espaço de advocacy, dando voz a esta comunidade vítima de genocídio em 2017.

Em 2019, investigadores da OIM em Cox’s Bazar, sob a coordenação David Palazón e Lurdes Macedo, começaram a recolher e a documentar as práticas culturais da comunidade Rohingya, produzindo de seguida um mapa etnográfico e cultural completo, detalhando os aspetos centrais da identidade deste povo. O centro conta a história dos Rohingya através de uma coleção abrangente de bens culturais e obras de arte, produzidos por artistas refugiados Rohingya que vivem nos campos. Esta coleção procura ser o retrato de uma cultura com ricas tradições, refletindo sobre o seu passado, o seu presente e o seu futuro, ao mesmo tempo que explora as tensões entre tradição e inovação, memória e imaginação, deslocamento e pertença. Combina objetos de património tangível e intangível, tais como modelos arquitetónicos tradicionais, bordados, cerâmica, cestaria, marcenaria, artes visuais, música, narração de histórias, ou poesia.

Ao fornecer à comunidade Rohingya as ferramentas e a plataforma para contar sua história, o centro procura abordar a “crise de identidade”, apontada por três quartos dos refugiados como uma das razões do seu mal-estar. O projeto funciona assim como base para a preservação e valorização da sua rica cultura, contribuindo para o fortalecimento da identidade coletiva da população Rohingya.

[Publicado: 27-05-2021]