Conferência adiada para 2021 | Chamada de trabalhos: conferência final do programa doutoral em Estudos de Comunicação

A democracia está ameaçada em muitas partes do mundo. O surgimento de forças políticas autoritárias e iliberais e o aumento da intolerância no discurso político podem estar ligados a uma variedade de fatores, nomeadamente a desconfiança nas instituições políticas, que por sua vez têm sido exacerbados pela desigualdade e injustiça económica crescentes. Além disso, formas de comunicação populistas e xenófobas nos espaços digitais vêm alimentando o medo e o ódio. A diminuição da diversidade e do pluralismo no jornalismo e nos debates dominantes também contribuem para a condição frágil das democracias, tanto as mais antigas, como as mais recentes. Para além disso, a diminuição do interesse pelas notícias políticas torna os cidadãos menos capacitados na relação com forças que moldam a sua vida.

Em contraste, vários novos modos de envolvimento com a res publica têm surgido num ambiente informacional cada vez mais complexo. Vários países têm observado um crescimento significativo de formas alternativas de jornalismo, que estão muitas vezes ligadas ao ativismo por mudanças sociais. A discordância política tem sido sustentada por intercâmbios simbólicos nos/através dos média digitais e, em alguns casos, levou a alterações significativas na ordem política predominante. Organizações da sociedade civil, grupos e movimentos sociais vêm desenvolvendo modos alternativos de organização, autogovernação e ação coletiva que podem estimular alterações mais amplas nos órgãos políticos, além de gerar novos desafios e tensões. Concomitantemente, o envolvimento político da extrema direita também se tem disseminado e intensificado, e um novo arsenal de práticas antidemocráticas tem surgido na Web, às vezes ameaçando subverter instituições democráticas importantes, como o jornalismo, o debate público e até as eleições.

Embora reconheça as ameaças à democracia, esta conferência visa ir além delas e discutir práticas de comunicação que possam revigorar a política democrática. Num contexto de problemas sistémicos que estão a produzir várias formas de insustentabilidade, bem como da difusão de discursos que promovem mudanças transformativas progressistas nas sociedades atuais, surgem questões importantes para os investigadores de ciências da comunicação e outros cientistas sociais: como estão os média digitais a ser utilizados para uma mudança estrutural e democrática? Que sinais podemos encontrar de um envolvimento significativo com políticas de transformação? Como pode o conhecimento científico contribuir para esses debates e desenvolvimentos?

Assumindo que é imperativa uma mudança fundamental nas sociedades atuais, uma política democrática radical implica abrir o futuro ao que ainda não foi dado. Para entender as possibilidades e os constrangimentos dessa mudança simbólica, há uma necessidade vital de investir em investigações aprofundadas sobre casos e exemplos de comunicação que seja política e radical.

Lança-se o convite para o envio de propostas sobre comunicação para mudanças democráticas transformativas, abordando (entre outros) os seguintes temas:
– Democratização dos usos das tecnologias digitais;
– Envolvimento político no atual ambiente de comunicação;
– Comunicação dos movimentos sociais para uma mudança transformativa;
– Práticas de comunicação na organização de um ativismo transformativo;
– Formas alternativas de jornalismo e contribuições para a mudança social;
– Ativismo democrático nos média;
– Riscos associados ao ‘cidadanismo’ (‘citizenism’).

Os resumos (400 a 500 palavras) podem ser enviados pelo seguinte endereço de e-mail: communicationfortransformation@gmail.com

A língua de trabalho será o Inglês.

Os trabalhos selecionados serão publicados num livro.

Oradoras convidadas confirmadas:
Natalie Fenton, Goldsmiths College, Universidade de Londres
Alice Mattoni, Universidade de Bolonha

Organizadores da conferência:
Anabela Carvalho, Universidade do Minho
Peter Dahlgren, Universidade de Lund

A conferência é organizada pelo programa de doutoramento em Estudos da Comunicação: Tecnologia, Cultura e Sociedade em colaboração com o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, na Universidade do Minho.

A conferência terá como objetivo minimizar ao máximo o seu impacto ambiental. Para esse fim, e para ampliar o acesso, a participação virtual será possível com ou sem uma apresentação.

Diante a contínua incerteza e limitações associadas à atual pandemia, a conferência será adiada para 2021. A nova data será anunciada este outono.

[Publicado: 05-02-2020 | Alterado: 17-06-2020]