Editores: Pedro Andrade (Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, Universidade do Minho) & Mário Caeiro (Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, Instituto Politécnico de Leiria)
A arte pública entende-se como um estilo de arte híbrido e intercultural que, no contexto dos espaços e tempos públicos urbanos ou rurais, representa e apresenta objetos ou projetos, conteúdos ou formas, estruturas ou conjunturas, ou qualquer outro tema ou problema, social ou individual. A arte pública material inclui monumentos, estátuas, instalações, graffiti, stenceis, stickers, etc.. A arte pública imaterial exibe eventos, performances e conteúdos em sites e redes sociais. Assim sendo, a prática e a compreensão da arte pública não se podem apartar das suas dimensões sociais: os seus contextos (esfera pública, culturas globais e locais, ciberespaço e cibertempo); as respetivas práticas envolventes (atividades e ações de lazer, cidadania, turismo, entre outras), e os correspondentes públicos-alvo (cidadão, turista, imigrante, etc.)
Por outras palavras, como comunicamos a arte pública para diversos públicos, n(a) cidade e no seu espaço público? No tecido urbano da contemporaneidade, tudo está em movimento: capitais, trabalho, pessoas, ideias, coisas, desigualdades sociais, para nomear apenas alguns destes ritmos (cursos) e territórios (percursos) societais. Em particular, na sociedade em rede, a informação e o conhecimento redefinem estas estruturas e conjunturas, ao atualizar (per)cursos próprios. Assim sendo, a comunicação da informação e do conhecimento da arte pública na cidade não pode deixar de ser móvel. Neste contexto, emergem diversas culturas móveis, que se definem como um conjunto de procedimentos, normas, crenças, hábitos e práticas que lidam com informações e saberes cada vez mais portáteis, por exemplo através do uso dos telemóveis. Uma das expressões das culturas móveis é a arte pública, cujas obras reconstroem frequentemente aqueles (per)cursos de comunicação inovadores. E um dos processos que mais concorre para o desenvolvimento da arte pública é o turismo cultural. As atividades turísticas tornaram-se, paulatinamente, um fenómeno global e local, algo inverso ao processo generalizado de imigração desde os países periféricos em direção àqueles centrais.
Assim sendo, este número da Revista Lusófona de Estudos Culturais aceita contributos para um debate e conhecimento mais profundos de tais temáticas, através da reflexão essencialmente nas três grandes áreas seguintes, que hoje se hibridizam entre si:
Produção da arte pública: inovação para a comunicação pública da cultura e artes urbanas:
Criação de obras culturais e artísticas no espaço público urbano; arte pública material (monumentos, estátuas, instalações, graffiti, stenceis, stickers, etc.); arte pública imaterial (eventos, performances, conteúdos em sites e redes sociais); culturas híbridas e comunicação intercultural / transcultural na cidade; história e memória socio-cultural de projetos artísticos na urbe, por parte de autores e atores pioneiros de media clássicos ou de novos media.
Mediação da arte pública: valorização do património urbano e promoção do turismo cultural através da arte urbana:
Regulação da arte pública pelas instituições estatais e administrativas centrais e locais; estratégias de desenvolvimento local via artes públicas; crescimento dos investimentos culturais participativos ligados à ecologia das regiões e à restruturação dos territórios urbanos; sustentabilidade das empresas culturais e artísticas promotoras da arte pública; emergência de indústrias, mediadores de serviços (agências de turismo), e comércios criativos no setor cultural e dos lazeres, ligados à arte pública; empregabilidade inclusiva no setor das artes públicas e capital humano na economia local; instituições de memória e arquivo artístico urbano: museus, galerias de arte, empresas culturais, associações locais, grupos de amigos, colecionadores, etc.; artes públicas urbanas, turismo cultural e cultura digital.
Disseminação da arte pública: media urbanos, redes sociais e dispositivos móveis:
Difusão do património cultural através da arte pública; promoção territorial para a qualidade de vida por meio das artes urbanas; implementação de arte pública em cidades criativas Unesco e smart cities; afirmação internacional das localidades e não-lugares das artes urbanas como destino turístico e contra-turístico; atores socio-culturais centrais em redes de arte pública: artistas, curadores, colecionadores, públicos (cidadãos, turistas, imigrantes, etc,); mobilidades dos estilos de vida e lazeres associados à arte pública: uso de telemóveis em telemobilidades urbanas, companheirismo móvel, slow tourism, etc.; Arte Pública na Cidade 2.0 (através de redes urbanas, sociais e digitais) e na Cidade 3.0 (redes sociais-semânticas, dispositivos móveis, Internet of Things).
DATAS IMPORTANTES:
Data limite de submissão: 15 de setembro de 2019.
Notificação das decisões de aceitação: 31 de novembro de 2019.
Data limite para envio da versão completa e traduzida: 31 de janeiro de 2020.
Data de publicação da revista: junho de 2020.
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