Cibercultura em discussão no espaço GNRation

Decorreu no dia 19 de dezembro, no espaço GNRation, em Braga, a apresentação do livro Cibercultura, circum-navegações em redes transculturais de conhecimento, coordenado por Helena Pires (docente do Departamento de Ciências da Comunicação e investigadora do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade–CECS, da Universidade do Minho), Manuel Curado (docente do Instituto de Letras e Ciências Humanas  e investigador do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho), Pedro Andrade (Investigador do CECS) e Fábio Ribeiro (docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro-UTAD e investigador do CECS) e editado, em parceria, pelo CECS e pelas Eduções Húmus. Na sessão estiveram presentes, além dos coordenadores da publicação, Pedro Branco, diretor do EngageLab da Universidade do Minho, Moisés de Lemos Martins, diretor do CECS e João Martinho Moura, artista digital, autor da imagem da capa do livro.

O tema da publicação foi discutido pelos participantes da mesa sob múltiplos pontos de vista. Helena Pires abriu a discussão com o seguinte mote: “As visões eufóricas, o maravilhamento com as inovações tecnológicas, por um lado, e as visões catastrofistas, por outro, resumem, aparentemente e grosso modo, as abordagens que hoje se observam na nossa sociedade. A Sophia, apresentada na Web Summitt 2017 em Lisboa, uma robot capaz de desenvolver uma conversação com os humanos, ou a Erica, que lhe antecedeu, criada por Ishiguro, prometem-nos novas configurações do tecnológico, tais quais verdadeiras intimate-machines ou parceiras domésticas, capazes de nos oferecerem companhia, possibilidade de interlocução, e mesmo reações “emotivas” expressas na magia dos algoritmos que comandam a sua interface facial”.

Já Pedro Branco partilhou uma primeira leitura, relevando uma “dimensão poética e filosófica” explanada numa primeira parte do livro, em contraste com uma abordagem mais pragmática traduzida em alguns dos estudos empíricos e de caso apresentados na segunda.

Quanto a Moisés de Lemos Martins, destacou a importância de hoje pensarmos sobre as condições da nossa experiência tecnológica, referindo-se a uma espécie de inevitabilidade, uma “travessia feita de perigos” na qual não podemos deixar de estar investidos.

Sobre a estranheza da nossa ligação às “teias” do nosso pensamento e da nossa ação falou Manuel Curado, através de uma breve exposição relativa à arqueologia da relação que estabelecemos com os dispositivos tecnológicos que impregnam o quotidiano na contemporaneidade.

Por fim, num segundo momento, seguiu-se uma apresentação de trabalhos artísticos de João Martinho Moura, culminando com uma reflexão sobre a sua obra mais recente “How do computers imagine humans?”. O artista terminou a sua apresentação dizendo “A Inteligência Artificial somos nós”, não deixando de apontar para os desafios que as invenções mais recentes neste campo nos colocam em termos cada vez mais surpreendentes.