1999 foi o ano da criação da revista Comunicação e Sociedade. 20 anos mais tarde, a revista do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (CECS) comemora o seu aniversário, com o lançamento de um novo site e a entrada da revista para a plataforma OpenEdition.
Política científica e línguas científicas
No passado dia 4 de outubro, na sala de atos do Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Minho realizou-se a sessão inaugural dos doutoramentos em Ciências da Comunicação e Estudos Culturais do ICS. Foi neste contexto que se celebrou as duas décadas de existência da revista Comunicação e Sociedade. Moderada pelo diretor da revista, Moisés de Lemos Martins, e dedicada à reflexão sobre política científica, a sessão contou com a intervenção de Anabela Gradim, da Universidade da Beira Interior; António Granado, da Universidade Nova de Lisboa e Miguel Tuñez, da Universidade de Santiago de Compostela.
Anabela Gradim, coordenadora de um projeto sobre política científica e uma das responsáveis pelo processo de indexação das revistas Estudos de Comunicação e Doc.Online, apresentou algumas provocações sobre política científica, defendendo a tese de que “abandonar o português como língua de ciência é um erro”, pois a “ciência afirma a língua”. Anabela Gradim lembrou ainda que a inutilização da língua portuguesa neste contexto pode gerar uma falta de léxico. Na sua opinião, “as coisas novas que descobrimos podem vir a não ter expressão em português”.
Miguel Tuñez, que tem trabalhado sobre a indexação das revistas ibéricas de Comunicação, concordou com Anabela Gradim, reforçando a importância de se considerar uma perspetiva histórica na reflexão sobre as línguas de ciência. O investigador da Universidade de Compostela lembrou o papel de línguas como o francês, o alemão e o inglês ao longo dos tempos, defendendo, ainda, a necessidade de se publicar em espanhol e em português.
O proponente do primeiro mestrado em Comunicação de Ciência em Portugal e idealizador do programa da rádio Antena UM 90 segundos de ciência, António Granado, centrou a sua comunicação no papel dos jornalistas e das universidades na Comunicação de Ciência. Para o investigador e ex-jornalista, os cientistas têm a “obrigação de sair das universidades e apresentar os seus resultados sem medo da ignorância”. António Granado reforça a sua ideia referindo que “divulgar a ciência faz parte da missão das universidades” e que é necessário fazer chegar a ciência à sociedade.
O Mestrado de Comunicação de Ciência da Universidade do Minho – que teve início no passado dia 30 de setembro – e o sexto aniversário da Revista Lusófona de Estudos Culturais (RLEC) do CECS foram também temas de discussão por parte do painel de oradores.
O novo site e a entrada na Open Edition
No passado mês de setembro, a Comunicação e Sociedade lançou o seu novo site. A revista procura assim ser mais acessível aos autores, que agora podem submeter os seus artigos através da plataforma OJS.
O mês de setembro foi também a data de entrada na OpenEdition. A OpenEdition é um portal de recursos eletrónicos na área das Ciências Sociais e Humanas. A Comunicação e Sociedade aderiu a este projeto disponibilizando os seus últimos quatro volumes nesta plataforma.
O próximo volume sobre “Crianças, jovens e media”.
Até 20 de dezembro, a revista Comunicação e Sociedade têm aberta uma chamada de trabalhos dedicada ao tema “Crianças, jovens e media: perspetivas atuais”. Editado por Sara Pereira (CECS-UM), Cristina Ponte (ICNova-UNL) e Nelly Elias (Departamento de Estudos da Comunicação, Ben-Gurion University of the Negev) este volume dá especial acolhimento a propostas de artigos que resultem de trabalhos de investigação científica e que versem sobre temas como: culturas da infância/juventude e media; media e cultura de pares; direitos das crianças na era digital; práticas mediáticas de crianças e jovens, crianças, jovens e media no contexto familiar e escolar; oferta mediática para o público infantojuvenil; políticas dos media para crianças e jovens; crianças/jovens, media e saúde; desafios à privacidade em tempos de big data e literacias para os media.
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