Está aberta, entre 11 de dezembro e 15 de março 25 de março de 2024, a chamada de trabalhos para a revista Comunicação e Sociedade sobre “Transparência dos Média”.
Editores temáticos: Elsa Costa e Silva (CECS, Universidade do Minho, Portugal), Tales Tomaz (Universität Salzburgo, Áustria) e Mariana Lameiras (United Nations University Operating Unit on Policy-Driven Electronic Governance, Portugal)
A transparência dos media é uma temática que tem ganho destaque nas políticas e regulação dos media. Sendo crescentemente considerada um requisito para o funcionamento livre e democrático das sociedades, apresenta-se, aliás, como uma resposta política consensual às preocupações com a falta de pluralismo dos meios de comunicação social e de confiança no jornalismo. Este entendimento parte do pressuposto de que o jornalismo responsável e que presta contas deve ser garantido, dado que a primeira condição para uma cidadania informada é o acesso a factos verdadeiros nos quais as pessoas possam confiar para tomar decisões (Strömbäck, 2005). Os media, em particular o serviço público, têm-se mostrado essenciais para manter as pessoas informadas (Aalberg & Curran, 2012).
A nível europeu, há uma importância crescente atribuída à transparência dos media. O Regulamento Liberdade dos Meios de Comunicação Social (Media Freedom Act), proposto pela Comissão Europeia em setembro de 2022, pretende tornar obrigatória a divulgação pública de informações sobre a propriedade dos meios de comunicação social. Assim, propõe novos requisitos para a atribuição de publicidade estatal, de forma a torná-la transparente e não discriminatória. Estas novas disposições carecem de discussão e aprovação pelo Parlamento Europeu e pelos Estados-Membros, mas a Comissão Europeia encomendou já um projecto-piloto para criar um mecanismo de monitorização da propriedade dos media. No âmbito deste projeto (https://media-ownership.eu/), foi disponibilizada uma base de dados que salienta as diferenças entre os países.
A importância atribuída à transparência ao nível político é uma das razões pelas quais este conceito deve ser questionado, já que, apesar do seu valor normativo, a sua operacionalização permanece ambígua. A importância ética da transparência é valorizada na agenda pública, mas a “complexidade da operacionalização e as práticas verificadas” (Bock & Lazard, 2021) têm de ser reconhecidas e analisadas, bem como os limites à transparência idealmente considerada (Ananny & Crawford, 2018).
Este número temático da revista “Comunicação e Sociedade” procura reunir contribuições para um debate que visa compreender criticamente o princípio da transparência, não só em termos concetuais, mas também em contextos empíricos. Aceitam-se contribuições em torno deste tema e que se debrucem, não necessariamente de modo exclusivo, sobre os tópicos seguintes:
– Normatividades da transparência
– Transparência na produção mediática
– Transparência na propriedade e controlo:
– Transparência na distribuição dos media:
Referências
Aalberg, T., & Curran, J. (2012). How media inform democracy: Central debates. In How Media Inform Democracy (pp. 17-28). Routledge.
Ananny, M., & Crawford, K. (2018). Seeing without knowing: Limitations of the transparency ideal and its application to algorithmic accountability. new media & society, 20(3), 973-989.
Bock, M. A., & Lazard, A. (2021). Narrative transparency and credibility: First–person process statements in video news. Convergence, 13548565211027813.
Strömbäck, J. (2005). In search of a standard: Four models of democracy and their normative implications for journalism. Journalism studies, 6(3), 331-345.
Período de submissão de propostas (textos integrais) | de 11 de dezembro de 2023 a 15 de março 25 de março de 2024
LÍNGUA
Os artigos podem ser submetidos em inglês ou português. Os artigos selecionados para publicação serão traduzidos para português ou inglês, respetivamente, devendo ser publicados integralmente nos dois idiomas.
EDIÇÃO E SUBMISSÃO
A Comunicação e Sociedade é uma revista académica de acesso livre, funcionando de acordo com os exigentes padrões do sistema de revisão de pares e operando num processo de dupla revisão cega. Cada trabalho submetido será distribuído a um mínimo de dois revisores previamente convidados a avaliá-lo, de acordo com a qualidade académica, originalidade e relevância para os objetivos e âmbito da temática.
Os originais deverão ser submetidos através do website da revista. Se está a aceder à Comunicação e Sociedade pela primeira vez, deve registar-se para poder submeter o seu artigo (indicações para se registar aqui).
O guia para os autores pode ser consultado aqui.
Para mais informações, contactar: comunicacaoesociedade@ics.uminho.pt