Da transformação das campanhas educativas e solidárias a formas criativas de interpretar a cidade

O último Seminário Permanente de Educação para os Media deste ano letivo girou em torno de imagens. Partindo delas, as investigadoras e professoras espanholas Susana de Andrés del Campo e Rocío Collado Alonso apresentaram um pouco do trabalho que realizam, enquanto docentes, no “Mestrado em Comunicação com objetivos sociais”, da Universidade de Valladolid (Espanha).

Susana de Andrés del Campo, que é também a coordenadora do Mestrado, discorreu, ilustrando com exemplos vários, sobre o modo como o discurso social e educativo das campanhas publicitárias se tem vindo a alterar ao longo dos anos. Essa alteração é notória na forma como as mensagens são comunicadas. As campanhas solidárias, por exemplo, “abandonaram o conceito do outro e apostaram no efeito espelho”, “trocaram o pedir pelo agradecer” e “aqueles que nelas aparecem passaram a ter nome”.

As alterações não se situam, no entanto, apenas a nível do discurso, mas também das entidades promotoras. Em Espanha, “as campanhas educativas eram tradicionalmente lançadas pelo Governo”, explicou Susana de Andrés del Campo, acrescentando que “desde a crise, o investimento do Estado em campanhas educativas de serviço público caiu 73,3%”. Este é um papel que tem vindo a ser assumido pelo terceiro setor e pelas ONGs.

Rocío Collado Alonso abordou o trabalho que realiza na disciplina de “Criatividade responsável”, em que os estudantes são convidados a usar a criatividade para “interpretar a cidade (Segóvia, no caso) e fazer uma leitura pessoal, crítica e reflexiva desta”. A disciplina, conforme explicou a docente, parte do princípio de que “ter um olhar crítico sobre o que nos rodeia ajuda a entender a nossa posição no mundo em que vivemos, permite conhecer melhor o meio e a nós próprios, refletir sobre o nosso papel como indivíduos dentro da cidade”. A cadeira assenta num modelo processual da aprendizagem, em que o aluno constrói o próprio conhecimento.

O Seminário contou ainda com a intervenção de Agustín García Matilla, Vicerrector del Campus María Zambrano da Universidade de Valladolid, em Segóvia, que reforçou a importância de “cada aluno se sentir protagonista da sua própria aprendizagem” e de uma escola que não alimente uma “visão imobilista e passiva” e enfatize a importância dos alunos se sentirem agentes da sociedade.

Texto: Joana Fillol