“As (in)visibilidades da violência de género: Brasil e Portugal em debate” foi o título de uma iniciativa realizada no dia 5 de abril, que contou com a participação de um grupo de investigadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UMFG), e que se focou na discussão das situações de violência de género e no papel dos meios de comunicação social nos dois países.
Moderada pela investigadora do CECS Carla Cerqueira, o debate contou com a presença de Bruno Souza Leal, Paulo Bernardo Vaz, Elton Antunes e Carlos Alberto de Carvalho, investigadores que têm estudado as questões da violência de género e a mediatização no contexto brasileiro. Integram uma equipa composta por mais pessoas, a qual se tem dedicado a analisar os discursos das vítimas e dos agressores de violência de género.
A sessão iniciou-se com o visionamento de dois documentários. “No devagar depressa dos tempos”, realizado pela jornalista brasileira Eliza Capai, mostra a realidade vivida em Guaribas, num local rural, com baixo índice de desenvolvimento, em que os papéis assimétricos de género continuam muito marcados, existindo uma associação constante das mulheres à maternidade e à noção de família tradicional, a qual é questionada pela geração mais jovem.
O documentário “Partir do Zero”, da realizadora Margarida Cardoso feito no âmbito de um projeto da ONG UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta, trouxe para a discussão a realidade da violência doméstica no contexto português. Através do testemunhos de mulheres vítimas que se encontram numa Casa Abrigo, levanta o véu da violência nas relações de intimidade no caso de mulheres de várias gerações e proveniências.
As narrativas fílmicas deram o mote para uma discussão que passou pelas aproximações e afastamentos existentes entre Portugal e Brasil no que concerne à violência de género e às suas complexidades. A mediatização do fenómeno foi também debatida, bem como alguns projetos que procuram trazer para o espaço público outras narrativas e vozes que permitam a consciencialização para este flagelo social.
Tratou-se de uma iniciativa inscrita na presença de investigadores da UFMG, durante a semana de 3 a 7 de abril, no CECS, para participarem em reuniões de trabalho com o objetivo do estabelecimento de um entendimento, no sentido de desenvolver uma nova eventual parceria, à semelhança do que aconteceu entre 2014 e 2015, em que ambas as partes protagonizaram o projeto FCT-CAPES intitulado “O fluxo e a morte: desafios teórico-metodológicos em torno do ‘acontecimento mediático'”.
Carla Cerqueira