“É diferente ser um homem ou uma mulher a fazer investigação”

Helena Machado foi a protagonista do primeiro seminário doutoral 2018 em Ciências da Comunicação e em Estudos Culturais. Falou sobre “Sistemas de vigilância tecnológica na União Europeia: desafios metodológicos e éticos”, enquadrando a temática no projeto de que é investigadora responsável, “Exchange – Geneticistas forenses e a partilha transnacional de informação genética na União Europeia: Relações entre ciência e controlo social, cidadania e democracia”. Para além disso, “partilhar os desafios metodológicos e éticos, que têm que ver com o objeto de estudo, geopolítico e de género”.

Helena Machado chamou à atenção, desde logo, para o facto de o género pesar na investigação, sustentando que “é diferente ser um homem ou uma mulher a fazer investigação”. O mesmo acontece com o local onde é feta a investigação: “Investigar, por exemplo, no espaço europeu, é muito diferente se for uma mulher a fazê-lo no Reino Unido ou na Alemanha. Mais diferente será, também, se o fizer em Portugal. E, mesmo em Portugal, será diferente se o fizer a partir de Lisboa ou de Braga”.

Sobre o projeto Exchange, liderado por si e que tem base no CECS – que teve início em outubro de 2015 e se prolonga até ao fim de setembro de 2020, dispondo de um orçamento de cerca de um milhão e 800 mil euros -, decorre de uma Consolidator Grant atribuída pelo Conselho Europeu de Investigação, um tipo de financiamento individual, para cientistas que desenvolvem investigação de excelência no espaço europeu, para que possam constituir as suas próprias equipas e desenvolver a sua área de especialização. O projeto está a recolher dados empíricos nos 28 Estados Membros, por via da realização de entrevistas e análise de documentação de diversa índole e, segundo Helena Machado, tem em vista um estudo comparativo aprofundado de cinco estudos de caso em Portugal, Polónia, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido. Pretende-se compreender de que forma as tecnologias genéticas são incorporadas nos processos de investigação criminal, e quais as dificuldades e controvérsias geradas no sistema de justiça criminal (toda a informação, aqui). A moderação foi de Anabela Carvalho.

Esta foi a primeira de quatro sessões com o foco colocado, este ano, na internacionalização, numa iniciativa conjunta do CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade e do DCC – Departamento de Ciências da Comunicação. A iniciativa é complemetada com a realização de workshops metodológicos, o primeiro dos quais foi dedicado aos métodos quantitativos e foi liderado por João Gonçalves.

Os seminários prosseguirão no dia 23 de março, com Olga Bailey, da Nottingham Trent University (UK), sendo o workshop sobre análise de imagens, com Silvana Mota Ribeiro. Os seminários terão sempre lugar na Sala de Atos do Instituto de Ciências Sociais, das 10h00 às 12h00, e são de entrada livre. Os workshops terão lugar das 14h30 às 17h00, requerendo inscrição prévia dos doutorandos dos cursos do âmbito do CECS-DCC.

Programa completo, aqui