Eloisa Loose recebe prémio CAPES de melhor tese de 2017 na área das Ciências Ambientais

Eloisa Loose vai receber o prémio CAPES de melhor tese do ano de 2017 na área das Ciências Ambientais. A laureada, fez um período “sandwich” no CECS, sob orientação da investigadora Anabela Carvalho que também foi coorientadora do seu doutoramento, defendido na Universidade Federal do Paraná.

Segundo o júri do concurso, a contribuição de Eloisa Loose “será de extrema valia para o desenvolvimento e aprimoramento da área, bem como para o avanço da pós-graduação e do conhecimento científico de qualidade no Brasil”.

O Prémio CAPES de Tese 2017 da área de Ciências Ambientais pela tese “Riscos Climáticos no Circuito da Notícia Local: percepção, comunicação e governança”, defendida no ano de 2016, ino quadro do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da UFPR (Brasil), consiste num certificado, numa medalha e numa bolsa de pós-doutoramento. A cerimónia de entrega dos prémios acontecerá em Brasília, no dia 7 de dezembro de 2017, no Centro Internacional de Convenções do Brasil – CICB, às 17h00 horas.

Resumo da tese de Eloisa Loose:
Este trabalho centra-se nas relações existentes entre comunicação, percepção e governança a respeito das mudanças climáticas e seus riscos no âmbito do circuito da notícia – o processo circular e contínuo que inclui produção, texto e recepção do discurso jornalístico – de um jornal local. Para tanto, o recorte da pesquisa foca-se no jornal mais abrangente da cidade de Curitiba, a Gazeta do Povo, e naqueles atores que participaram de sua produção (fontes de informação e jornalistas) e recepção (leitores do citado diário). A partir de uma perspectiva interdisciplinar e construcionista, a investigação busca verificar como se desenrolam os meandros da comunicação de riscos, por meio do jornalismo, e como tais discursos são interpretados e/ou percebidos por aqueles leitores que, de algum modo, já estão familiarizados com a questão ambiental. A proposta articula saberes provenientes do campo da Comunicação, com destaque à área do Jornalismo; da Psicologia Social, por meio do estudo das percepções de risco; e do campo Ambiental, sobretudo sobre as temáticas das mudanças climáticas, seus riscos e formas de enfrentamento. Tais imbricamentos têm por objetivo compreender de que modo o jornalismo pode contribuir para uma melhor comunicação sobre as mudanças climáticas e seus riscos e, desta maneira, empoderar sua recepção para o enfrentamento destes riscos, seja pela adaptação ou mitigação. Parte-se do pressuposto de que as notícias legitimadas e divulgadas pela imprensa interferem na forma pela qual as pessoas percebem os riscos climáticos e, consequentemente, a maneira como envolvem os cidadãos, sendo assim o papel do jornalismo de muita relevância no contexto da comunicação de riscos e da governança climática. A partir disso, investiga-se cada fase do circuito da notícia a fim de compreender quais percepções estão atreladas à cobertura das mudanças climáticas e seus riscos, assim como aquelas relacionadas a ações de enfrentamento. Metodologicamente, realizam-se observação participante das rotinas produtivas dos jornalistas, análises de percepção de riscos dos vários atores sociais por meio de questionários e entrevistas em profundidade, e análises de enquadramentos das notícias, com o objetivo final de triangular os resultados inspirando-se na proposta da hermenêutica de profundidade. Dentre os achados da pesquisa, constata-se que a percepção de risco climático está distante do cotidiano dos leitores de Curitiba, revelando que a mediação jornalística amplificou os efeitos negativos globais e a discussão sobre acordos internacionais, voltada para a responsabilização dos países desenvolvidos; tais aspectos não contribuem para o envolvimento dos cidadãos no enfrentamento das mudanças do clima.