Qual foi o objetivo deste trabalho de investigação no CECS?
Dar continuidade à investigação que iniciei há três anos com Sandra Marinho, sobre a evolução do ensino de jornalismo em Espanha e Portugal. Trata-se, fundamentalmente, de um trabalho comparativo.
Que diferenças genéricas podemos encontrar na forma como as universidades portuguesas e espanholas preparam os futuros jornalistas?
A nossa investigação tem vindo a demonstrar paralelismos no ensino do jornalismo nestes dois países. Neste momento, avaliamos de que forma os diferentes poderes sociais, empresariais, eclesiásticos e governamentais interferiram neste processo, na definição de política e ideologias que condicionaram o exercício da profissão de jornalista e na forma como se compreende o mundo a partir deste ofício. Esta evolução, mesmo nos dias de hoje com este ambiente digital, concretiza-se numa formação cada vez mais prática e técnica do Jornalismo, em Portugal e Espanha, relegando para um plano secundária a formação humanística e das Ciências Sociais. Ao constatarmos esta inclinação, temos de alertar para as consequências desta realidade para a qualidade informativa nos próprios meios de comunicação. Com os nossos alunos, devemos ser capazes de promover uma formação intelectual mais sólida para que interpretem uma realidade informativa cada vez mais complexa.
Hoje discute-se muito a forma como a ciência e a sociedade se ligam. No contexto desta investigação, de que forma a universidade e os meios de comunicação podem relacionar-se?
As experiências podem ser muito variadas e relevantes, por isso precisamos de mais oportunidades de contacto entre as universidades e as empresas. Neste trabalho, procuramos saber que tipo de formação é mais solicitada pelos próprios meios de comunicação aos jornalistas, o que nos vai permitir perceber qual o perfil de profissional que entra nas redações. Esta informação pode ser importante para as empresas e as universidades, com propostas concretas de inovação para ambas.
Por que motivos escolheu o CECS para o desenvolvimento deste trabalho?
Já tinha estado aqui em 2015, por indicação de Xosé Lopéz, Professor Catedrático da Universidade de Santiago de Compostela, em Espanha, que me recomendou entrar em contacto com o Professor Manuel Pinto, que logo me indicou o trabalho da Professora Sandra Minho. Aqui pude comprovar o prestígio do CECS e da qualidade do trabalho feito pelos investigadores. Sempre que cá venho, sou muito feliz.
Que importância têm estas experiências para o seu percurso como investigadora?
É muito importante esta troca de experiências, contactos e conhecimentos, que depois fazem toda a diferença enquanto docente e investigadora. A possibilidade de intercâmbio de investigadores é extremamente enriquecedora e deveríamos incrementar as nossas relações nestes âmbitos.