Docente na Universidade de Málaga, onde coordena a Comutopía Radio, Paloma Lopez Villafranca esteve entre 1 de julho e 15 de setembro no Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho para uma missão de investigação sobre novos géneros radiofónicos. Licenciada em Comunicação Audiovisual e Jornalismo, mestre em Gestão Estratégica e Inovação em Comunicação encontra-se a desenvolver o seu doutoramento. Foi profissional dos média entre 1998 e 2009, tendo trabalhado como jornalista para o Grupo Prisa, Recoletos, e algumas entidades municipais, para além de ter colaborado com a Rádio Nacional de Espanha. Na sua investigação quer saber, por exemplo, se a tendência vai no sentido de a rádio ser mais audiovisual ou menos sonora.
Os novos géneros radiofónicos estão ligados à evolução tecnológica. Paloma Lopez Villafranca quer saber de que forma as tecnologias incidem na mudança desses géneros e, nesse quadro, como podem surgir novos ouvintes, tendo em mente a existência do ouvinte digital, mas comparando-o sempre com o ouvinte analógico, que tem consumos de rádio distintos.
A investigadora refere ser recente o regresso do hábito de ouvir rádio. Neste momento, ouve-se sobretudo música e programas musicais. Há também uma tendência em Espanha, que é o crescimento de um formato parecido ao rádio-teatro antigo, mas também os formatos sonoros relacionados com séries de televisão, sobretudo norte-americanas. Comenta-se muito na rádio, nomeadamente sobre as séries mais populares, como por exemplo A Guerra dos Tronos. Isso quer dizer que o panorama radiofónico se afigura otimista, contrariando uma tendência recente, em que acontecia exatamente o contrário: “Tenho agora a convicção de que a rádio será ouvida de outra maneira. Com novos ouvintes, outras plataformas, como os podcasts, por exemplo”.
Foi nesse quadro que veio a Portugal para investigar o que se passa por cá no que à rádio diz respeito. E observar o que se passa, neste domínio, comparativamente em Portugal e em Espanha. Para já, segundo a investigadora, a tendência é a mesma: “Os animadores de programas são humoristas. Partilham-se muito os conteúdos radiofónicos nas redes sociais e em várias plataformas, como é o caso do Youtube. Mas existem algumas diferenças. Em Portugal, a tertúlia radiofónica, por exemplo, é de manhã, enquanto em Espanha é durante todo o dia. Os programas de tertúlia são a toda a hora… de manhã, à tarde e à noite”.
Não existe, no entanto, uma fórmula para o êxito em rádio.
Existe, também, o fenómeno dos youtubers e os seus imensos seguidores, o que de certa forma é transposto para a própria rádio. ‘Radiotubers’, por exemplo, é um programa musical em Espanha, feito por colaboradores que colocam conteúdos no Youtube.
A escolha do CECS para fazer esta estância de investigação decorre de um contacto prévio com a investigadora Madalena Oliveira, que coordena os estudos sobre rádio na ECREA. Para além disso pareceu-lhe que a equipa que estuda o setor, no CECS como, de resto, em Portugal, está a desenvolver um excelente trabalho.
Em termos de desafios futuros de investigação, sustenta: “O desafio fundamental é saber como se podem atrair novos ouvintes”. Para além disso, diz ser necessário ter sempre presente “o que é preciso fazer para se chegar a uma audiência que não tem os hábitos de consumo de rádio a que estávamos habituados”, lembrando que quando era criança, ouvia rádio, coisa que, hoje, uma criança não faz.
Paloma Lopez Villafranca refere que a rádio, socialmente, pode ser muito importante, já que é um meio com muitas possibilidades, desde a formação, à educação: “Em Espanha, estão a surgir rádios independentes e comunitárias, que são projetos muito interessantes”. Um panorama que, para já, não existe em Portugal.