Carla Cerqueira na última sessão de 2016 do Seminário Permanente de Educação para os Média

A investigadora do  CECS Carla Cerqueira, aluna de pós-doutoramento, foi a responsável pela última sessão do ano letivo 2015-2016 do Seminário Permanente de Educação para os Média, com uma intervenção intitulada “(Re)pensar a literacia crítica mediática a partir dos estudos de género”. Foi no dia 22 de junho (14h30) na sala de atos do ICS-UMinho.

O Seminário permanente de Educação para os Média foi criado por grupo de investigadores do Grupo de Média e Jornalismo do CECS, para discutir assuntos em torno das problemáticas da literacia e educação para os média, abordadas predominantemente de um ponto de vista comunicacional.

A iniciativa que reúne investigadores que direta ou indiretamente trabalham vertentes desta área, e nomeadamente os doutorandos, constitui um espaço aberto a todos os investigadores do CECS ou exteriores a ele, que entendam que o seminário pode ser relevante para as respetivas pesquisas.

Os objetivos deste seminário assentam no apoio à auto-formação dos membros; à partilha de informação sobre literatura relevante, eventos e notícias; ao debate das investigações de cada membro e das apresentações a apresentar em eventos científicos. Mais globalmente, o seminário propõe-se contribuir para o aprofundamento e qualificação da pesquisa feita em Portugal e para o desenvolvimento da educação para os média no país.

“(Re)pensar a literacia crítica mediática a partir dos estudos de género”
Resumo: Os média são um lugar político de construção e modelagem de identidades e relações sociais. Tanto podem funcionar como “dispositivos de administração e controlo” como de “resistência social” (Esteves, 2003: 93), podendo contribuir para a criação de pedagogias públicas (Luke, 1994). Olhar para o campo mediático implica uma relação triangulada entre produtoras/es, conteúdos e públicos.
Neste seminário refletiu-se sobre a pertinência e aplicação da literacia crítica mediática no campo dos estudos feministas e/ou de género, assente, numa perspetiva de literacia enquanto projeto participativo e colaborativo, que integre atividades que intensifiquem a democratização e a participação cívica de indivíduos e grupos (Kellner & Share, 2005, 2007). Assim, a literacia crítica mediática é encarada como tendo potencial para questionar discursos dominantes veiculados pelos diversos média, de modo a fomentar o ativismo e a resistência social.
Partindo de um posicionamento epistemológico feminista, que integra uma abordagem intersectional (McCall, 2005), a literacia crítica mediática assume uma dimensão política e transformacional, através do desenvolvimento de olhares críticos que convergem para um empoderamento semiótico (van Zoonen, 1994). Nesta ótica, a literacia deve incorporar as políticas de localização (Rich, 1984/1993), bem como visibilizar as experiências e perceções de leitura de indivíduos e grupos, as quais podem ser encaradas como rizomáticas (Deleuze & Guattari, 2007). Assim, nesta apresentação discutiram-se alguns casos concretos de aplicação da literacia crítica mediática, apontando-se sugestões, fazendo uma interligação com trabalhos já desenvolvidos em diferentes contextos (e.g. Bullen, 2009; Grizzle, 2014).