Numa organização conjunta do Departamento de Ciências da Comunicação e do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, em parceria com os cursos de Doutoramento em Ciências da Comunicação e em Estudos Culturais (UMinho) e com o projecto "Narrativas Identitárias e Memória Social" (CECS-FCT), realizou-se na Universidade do Minho, no dia 6 de janeiro de 2012 (14h30), uma sessão com a presença de Diana Andringa, realizadora do documentário "Dundo, Memória Colonial".
Esta iniciativa, que teve lugar na Sala de Atos do ICS, pretendeu promover a reflexão sobre a importância da história oral na (re)construção da memória histórica sobre os acontecimentos do passado recente. As memórias autobiográficas, apresentadas em registo documental, permitem que as versões da história menos conhecidas sejam difundidas, contribuindo para a construção de uma memória coletiva mais completa e mais plural.
Filme
"Dundo, Memória Colonial" de Diana Andringa [Portugal, 2009, 60 minutos]
Nota biográfica
Diana Andringa nasceu, em 1947, no Dundo, centro de uma das mais importantes companhias coloniais de Angola, a Diamang, e veio para Portugal em 1958. Terminado o liceu, optou por Medicina, mas as prisões de estudantes, o contato com algumas crianças internadas, as inundações de 1967, levaram-na a optar pelo Jornalismo. A primeira redação a que pertenceu foi, em 1968/69, a da revista Vida Mundial, da qual saiu no âmbito de uma demissão coletiva. Trabalhou depois como copy-writer numa agência de publicidade, experiência interrompida pela prisão pela PIDE em Janeiro de 1970. Libertada em Setembro de 1971, oscilou, ao sabor de despedimentos e encerramento de empresas, entre o jornalismo e a publicidade. Entrou para a RTP em 1978, para só sair 23 anos mais tarde. Pelo meio, escreveu crónicas para jornais e rádios, foi efémera Diretora-Adjunta de Mário Mesquita, no Diário de Lisboa. É pós-graduada em Jornalismo, pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, desde 2000.
Atualmente Diana Andringa é documentarista independente. Entre os filmes mais recentes da autora encontramos: "Timor-Leste: O sonho do crocodilo" (2002); "Era uma vez um arrastão, Este é o nosso sangue, a nossa vida" (2005); "Regresso ao País do Crocodilo" (2006); "As duas Faces da Guerra" (co-realizado com Flora Gomes – 2007) e "Dundo, Memória Colonial" (2009).
Sinopse
"O filme começa com velhas fotografias: as minhas, em criança, no Dundo. Mostro-as à minha filha, enquanto vou explicando o que era, nesse tempo, a Diamang. A minha certidão de nascimento permite-me contar-lhe que, ao nascer em Angola, me tornei portuguesa "de segunda". Explico-lhe como as memórias da minha infância no Dundo me marcaram, como foram elas que me levaram a lutar pela independência de Angola, como foi a essas memórias que recorri, na minha defesa no Tribunal Plenário de Lisboa. Entretanto, no Arquivo da Cinemateca, encontro filmes sobre o Dundo: os meus padrinhos, os jogos de ténis, os divertimentos organizados pela Companhia num ambiente de rigorosa segregação racial. As imagens ilustram bem a política racial da Companhia e dão azo a recordar a polémica entre o sociólogo brasileiro Gilberto Freyre e o todo poderoso "patrão" da Diamang, Comandante Ernesto Vilhena. No almoço anual dos antigos funcionários da Diamang recolho algumas memórias sobre a Companhia. Talvez porque os que as emitem deixaram o Dundo muito mais tarde do que eu, estranho o retrato que me fazem. E parto para o Dundo com a minha filha, para confrontar a minha memória".
Plano da Sessão
Introdução inicial, seguida da projeção do filme e debate com Diana Andringa.
A sessão contou ainda com a participação de Rosa Cabecinhas (CECS/Universidade do Minho), Luís Cunha (CRIA/Universidade do Minho) e Maria Manuel Baptista (CLC/Universidade de Aveiro).