O sector do audiovisual ainda não assumiu a revolução do universo digital

“Para onde vai a TV que temos?”. Foi este o tema da conferência que, no passado dia 4 de outubro, juntou, em Lisboa, os principais decisores do audiovisual português. Num altura em que se assinalam os 25 anos da TV privada e os 60 anos da TV pública, todos os intervenientes no debate sublinharam o papel central que a televisão teve nestes anos. Todos também concordaram que há uma revolução que o audiovisual ainda não assumiu: a do universo digital. Abre-se aqui um longo caminho que urge fazer com determinação.

Numa organização conjunta do CECS, SOPCOM e ISCTE, esta conferência contou com três painéis. O primeiro, que reuniu os presidentes da RTP, SIC e TVI, procurou responder à seguinte pergunta: que centralidade conquistou a televisão? O segundo, preenchido com diretores de informação, problematizou a informação que os públicos procuram. O terceiro, que juntou Nuno Artur Silva (RTP), Júlia Pinheiro (SIC) e Cristina Ferreira (TVI), tentou perceber que entretenimento cabe hoje na TV.

Todos os participantes foram unânimes em concordar que agora o maior desafio estará no universo digital. Ainda que os teóricos que estudam a televisão já anunciassem a pós-televisão, o certo é que este ambiente de convergência de ecrãs continua a ser ainda uma promessa por cumprir. Não há trabalho contínuo ao nível dos conteúdos nativos digitais, nem tão pouco existe uma efetiva participação e integração dos cidadão aí. Em cada painel, emergiu a ideia de que a tal ágora electrónica será uma espécie de terra prometida aonde ainda não chegamos. Mas importará quanto antes fazer dessa viagem uma verdadeira revolução.

Texto: Felisbela Lopes
Foto: Facebook