Realizaram-se no dia 12 de dezembro (14h30), na sala de atos do ICS da UMinho (Braga), as provas de doutoramento em Estudos Culturais (Sociologia da Cultura) de Matthias Hammann. A tese tem orientação de Jean-Martin Rabot (docente na Universidade do Minho), e tem por título “Narciso, o arquiteto do vazio”.
Segundo o novo doutor, a investigação que desenvolveu procura compreender o mal-estar da atualidade na sua dimensão relacional e social a partir do narcisismo. A sua abordagem vai no sentido de que “todos os indivíduos trazem dentro de si as marcas de um narcisismo primário advindo de uma fase remota do desenvolvimento psicoemocional que podem ser acionadas, retomadas e acentuadas em algumas configurações socioculturais”. Uma vez regredido às partes narcísicas e insuflado o seu ideal, é almejado evitar todo o mau e corresponder ao ideal de perfeição que no limite visa excluir a morte: “Todavia, quanto mais a morte e o mau são excluídos, mais eles atormentam e impregnam o viver, exigindo que todos os vértices em que o mau e a morte possam surgir sejam limados”. Desta forma diversas facetas sociais como o trabalho, a sexualidade, a política e o conhecimento são destruídas ou desinvestidas, restando apenas um sistema de reprodução da imagem especular e familiar. Para Mathias Hammann, apesar dos protestos de Narciso, “felizmente que o mau e a morte sempre vencem e, talvez em tempo, a revelação do princípio vital da desunião mediado por um objeto amoroso poderá ceifar os ideais narcísicos, remediar a pobreza existencial da atualidade e permitir o surgimento do outro, do afeto e do pensamento”.
O júri, que foi presidido por Moisés Martins (Professor Catedrático do Departamento de Ciências da Comunicação do ICS da UMinho), em representação do reitor da UMinho, foi constituído por Albertino Gonçalves (Professor Associado do Departamento de Sociologia do ICS da UMinho), ambos investigadores do CECS; Maria Manuel Baptista (Professora Auxiliar com Agregação do Departamento de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro); Isabel Maria Marques Mesquita (Professora Auxiliar do Departamento de Psicologia da Universidade de Évora) e Jean-Martin Rabot (Professor Auxiliar do Departamento de Sociologia do ICS da Universidade do Minho e investigador do CECS).