No próximo dia 17 de fevereiro, pelas 10h30, na Sala de Atos do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, terá lugar a palestra “A delicate dance: internacional aid agencies and national liberation movements”, com Andrew Thompson.
O fim do império foi um período altamente formativo para muitas coisas, incluindo o humanitarismo internacional. O poder passou para um palco global, exercido por empresas multinacionais, meios de comunicação internacionais e um conjunto de organizações supranacionais, intergovernamentais e não governamentais. No meio desta globalização do poder, a ação humanitária expandiu-se como forma de relações internacionais precisamente no ponto em que o que antes parecia inatacável – impérios coloniais ocidentais – começou a cair. Contra o pano de fundo de um mundo descolonizante, os debates foram tigrados sobre a própria natureza e o objetivo do grande conjunto de organizações que prestam ajuda para salvar vidas. Eram eles instrumentos de dominação ou instrumentos de emancipação? Ou eram ambas as coisas, ou não eram bem uma coisa ou outra? Em que medida interagiram com os movimentos de libertação nacional e o que moldou essas interações? Como se posicionaram em relação aos Estados, coloniais ou não?
No rescaldo confuso da Segunda Guerra Mundial, uma variedade de ONGs foi apanhada em campanhas coloniais de contra-insurgência e eram altamente vulneráveis à manipulação e exploração pelas potências coloniais da Europa. No final dos anos 60, pelo contrário, as ONG estavam a trabalhar num mundo em que o anticolonialismo estava a fazer a sua parte. Diferentes modos de humanitarismo emergiram nesta altura. Até que ponto as ONG queriam ou eram capazes de construir solidariedades com o mundo colonizado dependiam muito da organização em questão. Esta palestra procura aprofundar o campo, examinando quatro tipos de organizações humanitárias e as suas variadas interações com os movimentos anticoloniais e de libertação nacional: uma internacional (o CICV), uma da família das Nações Unidas (ACNUR), uma baseada na fé (o World Council of Churches) e uma governamental (a Swedish International Development Agency).
Andrew Thompson é Professor de História Global e Imperial e Professor do Nuffield College. É o copresidente do Centro de História Global e Imperial da Universidade de Oxford. Os seus interesses de investigação abrangem histórias globais de humanitarismo, Direitos Humanos e desenvolvimento; a história da globalização moderna e a relação entre globalização e Império; os efeitos do Império na vida pública e privada britânica durante os séculos XIX e XX; histórias de migração e mobilidade (especialmente as migrações pós-coloniais para a Grã-Bretanha e França); e a história da África do Sul colonial e do apartheid. Também escreveu sobre relações anglo-argentinas, migrações transnacionais e remessas migratórias, e memórias e legados públicos do Império.
Atualmente, investiga o humanitarismo internacional e os Direitos Humanos e a emergência do moderno sector de ajuda e desenvolvimento que constitui o tema do seu próximo trabalho Humanitariaism on Trial: How a global system of aid and development emerged through the end of empire (Oxford University Press).