A situação de emergência que se vive hoje em Portugal (e em termos globais) por causa da pandemia de COVID-19 levou alguns meios de comunicação a abrir o acesso a conteúdos pagos. No dia 11 de março, por exemplo, o jornal Público anunciava no Twitter que depois de abrir “a todos os leitores os textos sobre o #coronavírus”, também desligou “a paywall que limitava o número de artigos que cada leitor podia ler diariamente”. Cinco dias depois, a 16 de março, a agência de notícias Lusa informava que abriria o acesso a todas as notícias relacionadas com o novo coronavírus.
O Observador, que também abriu o acesso à informação sobre o coronavírus, adicionou, entretanto, às peças jornalísticas uma nota de rodapé com um apelo ao contributo dos leitores, por via da assinatura. “Nunca como agora precisamos tanto de si para continuar a prestar o nosso serviço ao público nestes dias tão difíceis que vivemos”. O mesmo sinal de preocupação manifestava o jornal Público, no dia 21 de março. Numa carta aberta aos leitores, o diretor Manuel Carvalho assinalava que, “com centenas de postos de venda fechados, com as receitas publicitárias em queda acentuada, o futuro do Público precisa mais do que nunca do apoio dos seus leitores”.
Numa altura em que se volta a falar das dificuldades de financiamento da imprensa, o PolObs acaba de divulgar um policy paper assinado por Elsa Costa e Silva, que defende o desenvolvimento de políticas de apoio aos jornais. Para a investigadora do CECS, “a questão não é saber se o Estado deve intervir, mas sim em que dimensão e em que modalidades deve intervir”. Defendendo que existem razões de natureza económica e de natureza social para justificar a pertinência do apoio, Elsa Costa e Silva sustenta que um sistema de apoio à sustentabilidade da imprensa também se deverá articular com uma estratégia de promoção da literacia mediática, que envolva escolas e bibliotecas.
O documento está disponível em regime de acesso gratuito em http://polobs.pt/estudo/apoio-a-imprensa/.
Elsa Costa e Silva é professora de Economia Política da Comunicação e de Jornalismo na Universidade do Minho. Os seus interesses de investigação centram-se na concentração da propriedade dos media, economia dos media e regulação. Publicou em várias revistas nacionais e internacionais. É coordenadora do GT de Economia e Políticas de Comunicação da Sopcom – Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação. Foi jornalista do Diário de Notícias.