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A Televisão no Quotidiano das Crianças

Manuel Pinto

2000 | Porto: Afrontamento

ISBN:978-972-3605-099

Manuel Pinto

2000
Porto: Afrontamento

A relação crianças-televisão tem suscitado na comunidade académica e nos analis­tas dos fenómenos sociais uma atenção tão duradoura quanto o meio televisivo leva de vida. Em boa verdade, a preocupação com a influência dos meios de comunicação sobre as gerações mais novas é bem mais antiga e recorrente, e apenas se aplicou e polarizou em mais um campo novo com a chegada e disseminação da TV (Wartella, 1988). Desde a invenção da escrita e, muito mais tarde, da imprensa, passando pelo cinema, a rádio ou a banda desenhada, todos os novos processos, veículos e tecnologias de comunicação foram vistos como ameaças potenciais ou reais à socialização dos mais novos. O modo como se desenvolveu o dispositivo televisivo, nomeadamente nas sociedades do mundo ocidental, atingindo um índice de cobertura dos grupos domésti­cos virtualmente universal e um leque crescente e tendencialmente contínuo no plano da oferta, tornou a TV objecto de especiais preocupações de natureza cultural e moral e, também, científica.

Índice

Prefácio, por Augusto Santos Silva
11
Agradecimentos
15
Introdução
Novos contextos de enunciação de velhos problemas
17
1. Pontos de partida
18
2. Contextos
26
-O discurso corrente acerca da televisão
27
-Transformações no panorama audiovisual
30
-Orientações dos estudos sobre a TV
33
3. Interrogações
34
Primeira parte
17
FUNDAMENTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS
Capítulo I
TELEVISÃO, PRÁTICAS SOCIAIS E QUOTIDIANO – REFLEXÃO EM TORNO DE ALGUNS CONCEITOS
41
1. Práticas sociais e estilos de vida
41
2. Quadro de análise da relação TV-sociedade
45
3. A televisão e o dia-a-dia
51
4. Espaços e tempos sociais
54
Capítulo II
A INFÂNCIA COMO CONSTRUÇÃO SOCIAL
59
1. Uma perspectiva histórica sobre a infância
60
-Infância, família e demografia histórica
62
-Evolução das ideias sobre a infância
63
2. A infância, o desenvolvimento e o processo de socialização
67
-Controvérsias em torno dos conceitos
67
-Agências e instituições de socialização
70
3. Diluição de fronteiras entre adultos e crianças: o papel dos media
73
-Filhos. sonhos e … cadilhos
74
-Infantilização da sociedade?
76
-Meios electrónicos: nova fonte dos «males sociais»
78
4. Contributos para uma sociologia da infância
81
-Desconstrução das representações sobre a infância
82
-Mundos sociais das crianças
82
-Teoria da estruturação e estudo sociológico da infância
84
Capítulo III
PERSPECTIVAS SOCIOLÓGICAS SOBRE AS AUDIÊNCIAS DE TELEVISÃO
87
1. Televisão, audiências e quotidiano
89
1.1. O conceito de audiência
89
1.2. Fenomenologia das audiências televisivas
90
2. Orientações teórico-metodológicas no estudo das audiências
98
2.1. Abordagens centradas nos media
98
2.2. Teorias centradas nas práticas sociais de recepção
105
2.3. «A caminho de uma convergência de tradições antagónicas»?
113
2.4. Presente e futuro: conclusões e perspectivas
118
Capítulo IV
LUZES E SOMBRAS NA INVESTIGAÇÃO SOBRE A RELAÇÃO CRIANÇAS-TELEVISÃO
123
1. Contributos de algumas abordagens teóricas
126
1.1. Teoria da aprendizagem social e a questão da violência televisiva
128
1.2. O construtivismo e a psicologia cognitiva
132
1.3. A corrente dos «usos e gratificações»
134
1.4. Utilizações da TV e «efeitos positivos»
136
1.5. Conclusões
140
2. A dimensão contextual no estudo das práticas televisivas das crianças
140
2.1. Os tempos e as modalidades do consumo infantil
143
2.2. O meio social e o contexto do consumo televisivo
148
2.3. A relação crianças-televisão no quadro da vida familiar
150
2.4. A escola e a TV como ‘escola paralela’
156
2.5. Conclusões
160
Segunda parte
CONCEPÇÃO E REALIZAÇÃO DE UM ESTUDO
EMPÍRICO NO DISTRITO DE BRAGA
Capítulo V
MODALIDADES E PROBLEMAS NO ESTUDO DA REALIDADE EMPÍRICA
(opções metodológicas e condições da recolha de informação)
165
1. Metodologias e processos no estudo de audiências
167
-Técnicas quantitativas
168
-Processos de observação contextualizada
168
2. Um projecto de trabalho: opções metodológicas
170
-O questionário e a constituição da amostra
171
-O diário
174
-Os primeiros contactos com o terreno: entrevistas e testagens com dos instrumentos
175
3. Administração do diário e do questionário
180
4. Codificação e tratamento dos dados
184
5. Observações relativas à validade e fiabilidade
187
Capítulo VI
QUOTIDIANOS DA INFÂNCIA NO DISTRITO DE BRAGA
191
1. O dia-a-dia das crianças: alguns indicadores
192
-«Deitar cedo»?
193
-«Brinca, brincando»
195
-Ocupações de «tempos livres»
200
-Prática religiosa
202
-Actividades de ajuda em casa
202
-O dia-a-dia: entre a realidade e o sonho
205
2. Quotidiano, acção dos sujeitos e condicionamentos estruturais
207
-Tempos e modos auto e hetero-determinados
207
-Papel estruturante de «actividades-pivot»
208
-Escola e aspectos sócio-demográficos da família
210
Capítulo VII
PRÁTICAS SOCIAIS DAS CRIANÇAS RELACIONADAS COM A TELEVISÃO
215
1. Usos da TV entre crianças da escola primária
216
1.1 Acesso à televisão e outros equipamentos no espaço doméstico
217
-Crianças sem televisão
220
-Número e localização dos receptores no lar
220
-Crianças com televisão no quarto
223
1.2. Tempos e modos de ver televisão
224
2. lnteracção das crianças com a TV: gostos, preferências e aprendizagens
236
2.1. O gosto de ver
238
2.2. Os géneros e programas preferidos
242
2.3. As crianças e os heróis e personagens da televisão
251
-Atributos dos heróis
257
-Personagens televisivas menos apreciadas
260
-O caso «Herman José»
262
2.4. A televisão, a escola e a aprendizagem
266
Capítulo VIII
A TV NO QUOTIDIANO DAS CRIANÇAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE ALGUNS CASOS
271
1. Aspectos metodológicos
271
2. Apresentação dos casos
275
-Caso 1: Rui
275
-Caso 2: Vanessa
276
-Caso 3: Jorge
277
-Caso 4: Gabriela
278
-Caso 5: Sónia
279
-Caso 6: José Maria
280
-Caso 7: Renata
281
-Caso 8: Gonçalo
282
-Caso 9: Mário
283
-Caso 10: Vítor
284
-Caso 11: Filipe
285
-Caso 12: Fábia
286
3. Discussão dos casos: notas interpretativas
288
-Encenações, releituras, representações
288
-Cambiantes na percepção do «trabalho infantil»
291
-Acepções de «ver TV» e usos socialmente diferenciados do pequeno ecrã
292
4. Conclusões e novos problemas
294
Capítulo IX
CONTRIBUTOS PARA UM QUADRO TEÓRICO DA RELAÇÃO CRIANÇAS – TELEVISÃO
297
1. Principais conclusões decorrentes da análise dos dados empíricos
297
1.1. As crianças, sujeitos activos do seu quotidiano
299
1.3. A atracção da televisão e as alternativas de ocupação do tempo
300
1.4. Uma perspectiva ecológica do consumo de TV
304
2. Os espectadores e a televisão: quadro de análise de processos sociais
306
2.1. A dimensão contextual
307
2.2. Televisão e vida quotidiana
310
2.3. A «actividade» das audiências como processo social
313
2.4. Televisão, interacção social e socialização:
316
-Contrato ficcionalizante
317
-Dimensão da modalidade aplicada à televisão
318
-Interacção parassocial
320
-A TV como «objecto transitivo»
322
Terceira parte
PERSPECTIVAS PARA A INVESTIGAÇÃO E A ACÇÃO
Capítulo X
HORIZONTES PARA O DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO
327
1. Alguns problemas em aberto
328
-Resistências à análise da TV
328
-A televisão, a escola e a aprendizagem
331
-TV, práticas sociais e condicionamentos estruturais
333
-Construção social das emoções
336
2. Um quadro global de pesquisa sobre as crianças e a televisão
338
-Resistências à análise da TV
340
-As audiências
343
-A dimensão institucional
344
-As mensagens
333
-Políticas de comunicação
346
-Estudo sociológico da infância
348
Capítulo XI
TELEVISÃO, INFÂNCIA E SOCIEDADE: IMPLICAÇÕES PARA A ACÇÃO SOCIAL E POLíTlCA
351
1.Observações de natureza epistemológica
351
2. Campos de intervenção
355
-«Mundos sociais da infância» e sociedade
355
-As responsabilidades da televisão
360
-Educação para um uso crítico dos media
366
Epílogo
373
Infância no plural
373
Entrelaçamento TV-vida quotidiana
375
Entre o negro e o cor-de-rosa
377
Bibliografia
381