A Revista Lusófona de Estudos Culturais / Lusophone Journal of Cultural Studies (e-ISSN: 2183-0886 | ISSN: 2184-0458) é uma revista temática da área dos Estudos Culturais. Publicada desde 2013 no sistema OJS, esta revista tem um rigoroso sistema de arbitragem científica e é publicada em português e em inglês duas vezes por ano. De 2013 a 2016, foi publicada pela Universidade do Minho e Aveiro, em conjugação com o Programa Doutoral em Estudos Culturais. Em 2017, passou a ser publicada, exclusivamente, pelo Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. O conselho editorial da Revista Lusófona de Estudos Culturais / Lusophone Journal of Cultural Studies integra reputados especialistas dos Estudos Culturais, de diversos pontos do mundo.
Alice Balbé, Edson Capoano & Alejandro Barranquero
11(1) | 2024 | CECS
ISSN:2184-0458
As alterações climáticas estão entre os principais desafios atuais globais. Configuram-se como globais pois as alterações dos padrões climáticos não atingem a todos da mesma forma, mas todos serão afetados. Relatórios recentes do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), designadamente o sexto (Intergovernmental Panel on Climate Change, 2023), evidenciam a intersecção entre localização geográfica, fatores económicos, políticos e socioculturais. Isso significa que fatores como classe social, raça, etnia, género e idade, que estão associados a diferentes níveis de vulnerabilidades sociais, influenciam na probabilidade de sofrer com os efeitos do fenómeno e aumentam as dificuldades de enfrentamento. Destacamos, neste número, os desafios sociais relacionados com a ação climática e a justiça climática.
Essa intersecção entre a emergência climática e outros problemas sociais contemporâneos torna cada vez mais relevante trazer os desafios sociais e culturais ao debate público. O historiador Dipesh Chakrabarty, referência nos estudos pós-coloniais, tem chamado a atenção para a diferenciação e dicotomia entre história “natural”, “humana”, planetária e global. Ele argumenta que por muitos anos pouco se falou da questão ambiental na história, sobretudo o impacto humano na história da Terra. Do ponto de vista de Chakrabarty (2021), são conceitos interligados, uma vez que a condição humana mudou e está cada vez mais planetária. Segundo o autor, planetário significa a ligação do sistema terrestre, das espécies e sociedade humana no planeta, enquanto o global refere-se às interações, consumo, capitalismo e extrativismo.