Joaquim Fidalgo
2009 | Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian / Fundação para a Ciência e a Tecnologia
ISBN:978-972-3112-689
Joaquim Fidalgo
2009
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian e FCT
“Este livro apresenta uma parte substancial da tese de doutoramento em Ciências da Comunicação defendida pelo autor em Janeiro de 2007, na Universidade do Minho, e cujo título é, precisamente, “O lugar da ética e da auto-regulação na identidade profissional dos jornalistas”.
Dada a natureza específica de uma publicação em livro, entendeu-se proceder a algumas naturais adaptações. Mais do que isso, e porque se tratava de um trabalho académico bastante extenso, optou-se por apresentar aqui apenas a segunda parte da obra – a que mais especificamente se debruça sobre as questões da ética e da deontologia jornalísticas, bem como da regulação desta actividade (e, muito em particular, da sua auto-regulação). De fora ficaram os dois capítulos iniciais – entretanto também reorganizados e publicados em livro1 –, que aqui se referem apenas para situar e contextualizar melhor o que a seguir poderá ler-se.
(…)
A componente empírica da tese de doutoramento debruça-se sobre o Provedor do Leitor enquanto instância auto-reguladora, procurando estudar as opiniões, relações e sentimentos dos jornalistas relativamente a tal figura. Com esse objectivo, foi conduzido um inquérito junto de jornalistas de três diários portugueses, cujas conclusões são discutidas em pormenor no trabalho académico. Dadas as características particulares deste livro – cujo objectivo essencial é proporcionar algum enquadramento e reflexão mais genéricos sobre a ética, a deontologia e a auto-regulação na actividade jornalística –, entendeu-se também prescindir dessa última parte, terminando o trabalho na inventariação dos principais mecanismos auto-reguladores da profissão. Em todo o caso, o estudo da figura do Provedor do Leitor (que, em Portugal, se alargou recentemente também ao Ouvinte e ao Telespectador) acaba por merecer um destaque especial."
1 FIDALGO, Joaquim (2007). O Jornalista em Construção. Porto: Porto Editora.
Índice
Nota explicativa |
7
|
Introdução |
9
|
Capítulo 1: A especificidade dos principais “traços profissionais” no jornalismo | |
1. Os diferentes figurinos no associativismo |
28
|
1.1. Entre a Ordem e o Sindicato |
29
|
1.2. Prestígio social ou capacidade de reivindicação laboral? |
32
|
1.3. Incluir os “profissionais”, excluir os “amadores” |
37
|
2. Em demanda de um saber próprio |
41
|
2.1. O jornalismo como forma de conhecimento |
45
|
2.1.1. Os media como actores culturais |
49
|
2.1.2. A ciência da “periodificação” |
51
|
2.2. O jornalismo como disciplina autónoma |
53
|
2.2.1. Para além da dicotomia teoria/prática |
54
|
2.2.2. Entre qualificação e competência |
58
|
2.2.3. Em favor de uma lógica de competência |
61
|
2.2.4. Os “saberes de acção” no cerne do saber profissional |
67
|
2.2.5. Uma nova atenção ao cliente |
71
|
2.2.6. A alternativa da “prática reflexiva” |
72
|
2.2.7. A emergência do paradigma noticioso |
75
|
2.2.8. Como saber o que é, ou não é, notícia? |
85
|
2.2.9. A especificidade do “produto-jornal” |
90
|
2.3. A formação dos jornalistas |
93
|
2.3.1. O dilema da titulação académica |
94
|
2.3.2. A diversidade de opções curriculares |
95
|
2.4. O estatuto do jornalista enquanto profissional especializado |
96
|
2.4.1. Modos de legitimação |
97
|
3. A responsabilidade e o ideal de serviço público |
100
|
3.1. Entre o serviço público e o interesse privado |
101
|
3.2. Pressão das fontes e pressão das audiências |
105
|
3.3. A responsabilidade social dos media |
107
|
3.3.1. A dupla lealdade do jornalista |
109
|
3.3.2. O Estado, o Mercado – e a Sociedade |
112
|
3.3.3. Liberdade “negativa” e liberdade “positiva” |
114
|
3.3.4. Da regulação pública à regulação social |
118
|
4. A exigência ética e deontológica |
121
|
4.1. No princípio era a ética |
121
|
4.2. Os caminhos diversos da deontologia |
123
|
4.3. Dúvidas e hesitações do modelo português |
126
|
5. Síntese conclusiva |
129
|
Capítulo 2: A centralidade do desafio ético e deontológico | |
1. Ética, moral, deontologia: esclarecer conceitos |
140
|
2. Os dilemas de sempre |
143
|
2.1. Entre o pólo individual e o colectivo |
144
|
2.2. Entre o enfoque deontológico e o teleológico |
147
|
2.3. Entre convicções e responsabilidade |
149
|
3. Os debates contemporâneos em ética |
152
|
3.1. Ética deontológica, ou do dever moral |
155
|
3.2. Ética consequencialista, ou da utilidade |
160
|
3.3. Ética contratualista, ou do acordo |
164
|
3.4. “Ética das virtudes”, ontem e hoje |
169
|
3.4.1. Percurso interno e condições externas |
175
|
3.4.2. Os neo-aristotélicos, de MacIntyre a Nussbaum |
178
|
3.4.3. O complemento de uma “ética dos afectos” |
183
|
4. Habermas e a ética do discurso |
187
|
4.1. A teoria kantiana revista e reformulada |
192
|
4.2. A força da razão, a importância da vontade |
196
|
5. Em demanda da síntese ideal |
199
|
6. Porquê ter um comportamento ético? |
205
|
6.1. Antes das normas, os valores |
206
|
6.2. A hipótese das “proto-normas universais” |
209
|
6.3. A responsabilidade social dos media revisitada |
217
|
7. Exigências e procedimentos do juízo ético |
224
|
7.1. Dominar a regra dominante |
225
|
7.2. Explicitar o processo de decisão ética |
227
|
7.3. Formar-se também para a competência ética |
230
|
8. Da ética à deontologia profissional |
232
|
8.1. As dúvidas dos “mitos fundadores” do jornalismo |
233
|
8.2. Modos de usar a deontologia |
237
|
8.3. O “contrato social” como caminho de legitimação |
244
|
8.4. Jornalistas responsáveis, jornalistas imputáveis |
249
|
9. “Back to basics”, ou seja, “back to ethics” |
251
|
10. Síntese conclusiva |
257
|
Capítulo 3: Accountability e regulação da actividade jornalística | |
1. A questão da responsibility |
263
|
2. A questão da accountability |
266
|
2.1. Em busca da quadratura do círculo? |
268
|
2.2. Tipos e níveis de accountability |
271
|
3. De que se fala quando se fala de regulação? |
279
|
3.1. Regulação “centrada” ou “descentrada” |
280
|
3.2. Regulação e “mercado livre das ideias” |
283
|
3.3. Uma questão também moral |
286
|
4. O lugar da hetero-regulação |
290
|
4.1. Sistemas políticos e modelos mediáticos |
292
|
4.2. Modos de intervenção do Estado |
302
|
5. A auto-regulação: papel, vantagens e limites |
308
|
5.1. O que a auto-regulação é… |
311
|
5.2. … e o que a auto-regulação não é |
314
|
5.3. Entre as boas intenções e a duvidosa eficácia |
318
|
5.4. Sanções materiais ou morais? |
320
|
5.5. O lugar do público |
326
|
6. Instrumentos e mecanismos auto-reguladores |
330
|
6.1. Conselho de Redacção |
332
|
6.2. Livro de Estilo |
334
|
6.3. Estatutos de Redacção/Códigos Internos |
338
|
6.4. Código Deontológico |
339
|
6.5. Conselho Deontológico |
345
|
6.6. Conselho de Imprensa |
347
|
6.7. Correio dos Leitores e Tribuna Pública |
352
|
6.8. Crítica de Media / Metajornalismo |
353
|
6.9. Provedor do Leitor / do Ouvinte / do Espectador |
354
|
7. Síntese conclusiva |
355
|
Capítulo 4: O Provedor do Leitor | |
1. A questão da responsibility |
359
|
1. Origem e enquadramento |
360
|
2. Perfil e funções |
364
|
3. As principais controvérsias |
368
|
3.1. Sobre a independência |
368
|
3.2. Sobre a autonomia |
370
|
3.3. Sobre o papel |
372
|
3.4. Sobre o(s) poder(es) |
375
|
3.5. Sobre a eficácia e a utilidade |
377
|
4. Vantagens, limitações e riscos |
379
|
6. Síntese conclusiva |
384
|
Conclusões e notas finais |
387
|
Bibliografia |
421
|