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Vertigens: para uma sociologia da perversidade

Albertino Gonçalves

2ª edição | 2017 | Edições Húmus, Lda.

ISBN:978-989-755-295-3

“Os ventos não correm de feição a esta forma de investigar. O mundo académico confronta-se com uma evolução em quiasmo: o ensino superior enreda-se no local e a investigação globaliza-se em redes. Neste cenário, pouco cabimento tem a investigação artesanal (Mills, 1982), descomprometida, aberta aos “fenómenos imprevistos, aberrantes e capitais” (Merton, 1965: 47). Na aritmética da eficiência certificada, cabe-lhe o lugar do resto, a parte que sobra da docência, da gestão, da extensão comunitária e da investigação institucional. Valha-nos o consolo de haver planetas onde este resto ainda é a rosa! E a rosa é sem porquê, como nos ensina o
místico Angelus Silesius.
Os textos reunidos neste livro bebem todos nestas águas residuais. São fruto tanto da ciência como da evasão. O próprio estilo acusa esta combinação contranatura. A ascese da ciência é perturbada pela estética da
descoberta e da comunicação.
Todos abordam assuntos banais. Convocam experiências e vivências do nosso quotidiano: relações entre grupos, figuras do grotesco e do barroco, publicidade, vídeos musicais, usos do corpo, hipermercados, romarias, ícones populares, futebol, férias dos emigrantes… Compõem um mosaico desordenado. Cada texto é um exemplar único, com contornos e história próprios, que vale por si. Mas também é um exemplar de uma série que, obra da mesma mão e do mesmo jeito, comunga um destino ou uma propensão. É esta costura que empresta alguma unidade ao conjunto” [Nota introdutória]