Reveja “O passado colonial como problema não encerrado na contemporaneidade. A descolonização mental como possibilidade intercultural em tempo de ressentimento”

Decorreu, no passado dia 11 de dezembro o Seminário Permanente em Estudos Pós-Coloniais dedicado ao tema “O passado colonial como problema não encerrado na contemporaneidade. A descolonização mental como possibilidade intercultural em tempo de ressentimento”. Com a participação de Luís Lisboa, dirigente da FUA-Frente Unitária Antifascista, e de Pedro Schacht Pereira, professor na Ohio State University (EUA), a sessão procurou olhar para o conceito de “artivismo”, pouco consensual nas Ciências Sociais e Humanas, como contributo para a descolonização mental e possibilidade intercultural.

A contestação do etnocentrismo pela crítica pós-colonial tem colocado em causa uma série de conceitos e estruturas correspondentes que dariam estabilidade ao mundo social. A desestabilização subsequente, ainda em curso em muitos locais do globo, descentra a discussão, olhando para aqueles que foram sempre tidos como subalternos, como protagonistas, colocando-os em pé de igualdade com os que estiveram sempre no centro do mundo.

O processo está em curso, colocando em causa, entre outras, a ideia de museu, a estatuária no espaço público, e promovendo discussões sobre o racismo estrutural, bem como a problemática do género. Mas que também é transversal na sociedade, nomeadamente na portuguesa, opondo-se a uma visão luso-tropicalista, centrada em Portugal tido como país ex-colonizador que promoveu uma “colonização doce”, por ser diferente dos outros países e que ainda perdura, bastando ter em atenção os conteúdos relativos a esse assunto nos manuais de história do ensino secundário. O que vem sublinhar que o passado colonial continua a ser um problema não encerrado na contemporaneidade. De que forma é que o “outro” é representado?

Pedro Schacht Pereira nasceu no Porto, Portugal. É licenciado em Filosofia pela Universidade de Coimbra, Portugal, e Doutor em Estudos Portugueses e Brasileiros pela Brown University (EUA).
Ministra diversos cursos sobre temas portugueses, brasileiros e da África lusófona, com ênfase na formação dos discursos imperiais e seus legados nas culturas pós-coloniais contemporâneas, na ficção portuguesa e brasileira dos séculos XIX ao XXI e na literatura e as relações culturais entre os mundos de língua portuguesa e espanhola.

Luís Lisboa é um ativista antifascista interseccional que empresta a sua voz à luta contra as opressões humanas, animais e climáticas.
Cursou Humanidades Clássicas na Faculdade de Filosofia de Braga, mas toda a sua vida perseguiu a paixão pela música, quer como multi-instrumentista, promotor, professor, dj, etc..
Como muitos, é também obrigado a trabalhar para o capital, mas prefere a pedagogia das Artes Performativas.
Os tempos pandémicos vieram mudar ainda mais a sua vida, pois de um momento foi projetado para o palco do ativismo humanista. Colaborou no Núcleo Antifascista do Porto, fundou o de Guimarães e é um dos dirigentes mais ativos da Frente Unitária Antifascista.
A 11 de agosto foi uma das 10 pessoas (onde se incluem 3 deputadas) ameaçadas por um grupo de extrema direita. Porém, não calou a sua voz e continua a fazer ouvir a sua luta.

Reveja este seminário:

[Publicado: 15-12-2020]