Entre 2 de janeiro e 15 31 de março de 2023, encontra-se aberta a chamada de trabalhos da Revista Lusófona de Estudos Culturais sobre “BD Maravilha. Redefinindo o Género nas Narrativas Gráficas Ibero-Americanas”.
Editoras: Nicoletta Mandolini (CECS, Universidade do Minho, Portugal), Cristina Álvares (CEHUM, Universidade do Minho, Portugal) e María Márquez López (Universidad Rey Juan Carlos, Espanha)
A banda desenhada e os romances gráficos — ou narrativas gráficas, como alguns preferem designá-los — são um meio cada vez mais bem-sucedido em todo o mundo, tanto na popularidade como no reconhecimento crítico. Nos últimos anos, desde o aparecimento e difusão do formato de romance gráfico com o que coincidiu o renascimento da popularidade da banda desenhada, as representações de questões relacionadas com o género e a visibilidade atribuída aos autores não hegemónicos de género aumentaram significativamente. Prova disso é o facto de inúmeras e proeminentes artistas femininas e queer experimentarem o romance gráfico e uma nova vaga de séries de banda desenhada feminista, simbolizada pelo trabalho editorial desenvolvido, entre outros, pela Image Comics. A antiga reputação da banda desenhada como um meio onde o sexismo é generalizado e a discriminação sexual é normalizada tem vindo lentamente a abandonar a nona arte, e até mesmo os gigantes da banda desenhada fazem agora um esforço evidente pela igualdade de género, muitas vezes associado a uma tentativa semelhante de promover outros tipos de inclusividade para evitar representações raciais, classistas e capacitistas. Contudo, há ainda muito a fazer em relação à circulação das representações de BD da autoria de indivíduos não hegemónicos de género e que abordam as questões de género duma perspetiva feminista. De facto, as resistências sociopolíticas levam mesmo à censura no século XXI: é o caso recente de Maia Kobabe com o seu romance gráfico autobiográfico Gender Queer (Género Queer), um dos alvos de uma vaga sem precedentes de proibições de livros escolares nos Estados Unidos da América. Tratando-se de contextos geoculturais onde autores feministas e queer lutam para ganhar reconhecimento crítico, perante o forte cunho heteropatriarcal das estruturas sociais onde as suas obras artísticas ganham vida, a divulgação e o impacto das bandas desenhadas feministas, queer e não heteropatriarcais são ainda mais problemáticas.
A secção temática BD Maravilha. Redefinindo o Género nas Narrativas Gráficas Ibero-Americanas pretende explorar o papel do género na produção, consumo e circulação das narrativas gráficas criadas no contexto Ibero-Americano, um vasto e heterogéneo recipiente de espaços culturais ligados por traços históricos, linguísticos e políticos comuns. Nos países Ibero-Americanos (Espanha, Portugal e América Latina), a banda desenhada (também chamada historietas, quadrinhos ou BD) tem tradicionalmente representado uma parte significativa das produções culturais e dos modos de comunicação. Nos últimos anos, a popularidade das narrativas gráficas atingiu novas proporções nestes países e a emergência de movimentos e teorias feministas avançadas — e, em alguns casos, globalmente bem sucedidas — sobre a questão da discriminação e violência de género, encontraram com frequência no meio cómico um aliado amigável que facilitou a disseminação de mensagens políticas feministas e queer. Esta secção temática é um espaço para dar visibilidade e legitimação crítica à banda desenhada e aos romances gráficos feministas e queer Ibero-Americanos. É também um fórum de discussão detalhada dos pontos fortes e limitações que as caracterizam, tanto na adesão à complexidade das teorizações relacionadas com o género como no seu acesso à divulgação local e transnacional.
Para esta edição especial, convidamos académicos e investigadores a apresentar contribuições (artigos de investigação, entrevistas e recensões) sobre o amplo tema do género e narrativas gráficas produzidas em Espanha, Portugal e América Latina. Os tópicos incluem, mas não estão limitados a:
– perspetivas históricas das mulheres artistas no contexto da produção e circulação de banda desenhada;
– censura, marginalização e invisibilização de banda desenhada e autores feministas e queer;
– narrativas gráficas e de género no universo digital;
– auto/biografias escritas por pessoas do género feminino/queer: será o romance gráfico o formato da liberdade?;
– práticas artivistas sobre questões de género relacionadas com a produção, distribuição e receção de narrativas gráficas;
– autores do género feminino/queer ligados a movimentos de ativistas sociais;
– circulação local e transnacional de narrativas gráficas sobre questões relacionadas com o género;
– feminismo negro e outras interseccionalidades em banda desenhada Ibero-Americana;
– banda desenhada, feminilidade, tecnologia e o corpo: rumo a uma identidade pós-feminina?;
– além do humano: género, espécie e pós-humanismo em banda desenhada;
– banda desenhada, interação entre género e idade: genealogias femininas entre a adolescência, a idade adulta e a idade avançada;
– personagens principais e secundárias mulheres/queer em banda desenhada Ibero-Americana;
– descolonização, democracia, deslocações em banda desenhada Ibero-Americana;
– género, ambição e poder em banda desenhada Ibero-Americana;
– relações transmedia/transgénero/transnacionais nas narrativas gráficas Ibero-Americanas.
DATAS IMPORTANTES
Período de submissão de propostas (manuscrito completo): de 2 de janeiro a 15 31 de março de 2023
Notificação das decisões de aceitação: 7 de junho de 2023
Data-limite para envio da versão original final e da traduzida: 20 de setembro de 2023
Data de publicação da revista: dezembro de 2023
LÍNGUA
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