Entre 5 de setembro e 1 de novembro 25 de novembro, encontra-se aberta a chamada de trabalhos da Revista Lusófona de Estudos Culturais sobre “Comunicação e Mediação na/da Arte”. O número é editado por Zara Pinto-Coelho (CECS, Universidade do Minho, Portugal), Helena Pires (CECS, Universidade do Minho, Portugal) e Jean-Marie LaFortune (Laboratoire de Recherche sur les Publics de la Culture, Université du Québec, Canadá).
No atual quadro (tensivo) da arte contemporânea (Jimenez, 2005/2021), dada a complexidade dos seus códigos, formais, composicionais, processuais, mas também dos seus imbricados ensarilhamentos com as dimensões social e política (Bishop, 2004), bem como a económica (Afonso & Fernandes, 2019), acentuou-se o imperativo da comunicação e mediação. A comunicação e mediação, entre (e intra) a arte, os artistas, as instituições artísticas e culturais, os profissionais da área, desde críticos, curadores, especialistas em comunicação estratégica, jornalistas culturais, investigadores e os públicos, justifica-se pela importância que os princípios da acessibilidade, democratização, participação ou colaboração, ou mesmo da educação artística, têm no fenómeno de abertura dos “mundos da arte” (Becker, 1982) às múltiplas esferas da experiência estética comunalizada (ou, desejavelmente, tornada comum; Stiegler, 2004/2018). Urge, pois, compreender os múltiplos papéis, deslocações, (re)mediações, operados pelos atores, (não) lugares e diferentes dispositivos, neste fenómeno de estreitamento de relações. O risco do incremento de um fosso comunicativo, identificado em investigações recentes (Anastasiya et al., 2020), motiva muitas das práticas e das experimentações existentes, empenhadas na transformação dos paradigmas que ainda teimam em persistir no campo da arte e da cultura. Todavia, no debate sobre a mediação, as suas dimensões normativa e utilitária, enquanto tecnologia que visa a alteração de comportamentos, é mais evocada do que a sua vertente política, enquanto tecnologia de transformação social (Fontan, 2007, p. 12). E a prática parece mostrar que se trata de um terreno armadilhado, já que no projeto de pôr em comum confluem interesses contraditórios, os ligados às instituições e os derivados das populações e de cada indivíduo (LaFortune, 2008/2016, pp. 10–12).
Esta secção temática da Revista Lusófona de Estudos Culturais acolhe artigos, recensões ou entrevistas comprometidas com a problemática em causa, nos seus diversos desdobramentos. Admitindo-se a relevância do recurso aos média “pós-literários” e a pluralidade das formas de expressão artística, desde as artes visuais à música e às artes performativas, não esquecendo as media arts, são bem-vindas propostas que repensem o papel e as dinâmicas observadas na crítica e curadoria, na educação artística, no jornalismo cultural, na comunicação estratégica (nomeadamente na relação com os órgãos de comunicação social ou na relação com os mercados), entre outras áreas profissionais de intermediação, instanciadas pelas galerias, museus, espaços independentes ou outros contextos. De que modo os discursos, nos seus diferentes suportes, desde os catálogos de exposição aos dispositivos tecnológicos — ao serviço da digitalização de arquivos e coleções, das plataformas colaborativas ou de média sociais, da mediação à distância, e ainda incluindo-se os mecanismos interativos nos lugares de exposição e produção artísticas — produzem hoje modelos circulares e policêntricos de interação? Que lugar, para a arte, na mediação com as comunidades e as organizações, públicas e privadas, com as quais se negoceiam as condições da sua vida prática (Cruz, 2018)? Como intermediar novos entendimentos, perceções e interpretações, designadamente respeitantes à produção artística ancorada em geografias marginais e povoadas pelos efeitos da pós-memória (Pinto Ribeiro, 2021)? Estarão as e os artistas cada vez mais conscientes da sua responsabilidade na partilha das preocupações mais fundamentais, da vida comum, que assolam os indivíduos e os grupos na sua condição de cidadãos do mundo-entre (em alusão à esfera social, ou do inter-esse, de que nos fala Arendt)?
Serão bem-vindos contributos de investigadores das ciências sociais e humanas sobre um ou mais dos tópicos seguintes:
DATAS IMPORTANTES
Período de submissão de propostas (manuscrito completo): de 5 de setembro a 1 de novembro 25 de novembro de 2022
Notificação das decisões de aceitação: 8 de janeiro de 2023
Data-limite para envio da versão original final e da traduzida: 31 de março de 2023
Data de publicação da revista: junho de 2023
LÍNGUA
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EDIÇÃO E SUBMISSÃO
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