Seminário debateu consumo e medição de audiências e a emergência dos média hiperlocais na Península Ibérica

Na sequência do Programa Erasmus Teaching Mobility desenvolvido na Universidade do Minho durante quatro dias (21 horas de docência), os professores Xosé López Garcia e Ana Isabel Rodríguez Vázquez, ambos da Universidade de Santiago de Compostela (Espanha), foram os protagonistas de um seminário realizado no dia 27 de junho de manhã, na sala de atos do ICS da UMinho. Foram explanadas e debatidas as temáticas em que assentou na discussão de questões relacionadas com o consumo e a medição de audiências, para além da emergência dos média hiperlocais na Península Ibérica.

Xosé López Garcia discorreu sobre “A emergência dos média hiperlocais na Península Ibérica”, justificando a ação que desenvolve na UMinho com o aprofundamento do conhecimento da comunicação de proximidade na sociedade em rede, “em especial dos média hiperlocais”, para além de difundir os resultados das últimas investigações realizadas no quadro do grupo de investigação a que pertence – Novos Medios (Universidade de Santiago de Compostela) -, e debater as medidas que permitem uma maior eficiência neste tipo de processos comunicativos. O programa docente partiu do mapa dos média de proximidade de Espanha e de Portugal realizado pelo grupo Novos Medios, com vista à explicação das singularidades comunicativas das principais comunidades autónomas espanholas, em especial das que têm uma língua própria, bem como das principais ‘regiões’ de Portugal. Segundo o investigador, “os média hiperlocais vieram para ficar”, alimentando uma dupla e simultânea tendência mundial e local. Não obstante, disse ser necessário “melhorar a ideia de produto” que lhes está subjacente, sendo que, devido aos parcos meios económicos, “experimenta-se muito e inova-se pouco”.

Esta mobilidade teve por objetivo conseguir um melhor conhecimento da realidade comunicativa de proximidade em Espanha e em Portugal, bem como observar as tendências que se estão a produzir na sociedade em rede neste campo. Segundo Xosé López Garcia, para explicar as características de cada cibermeio hiperlocal “será preciso abrir sessões de debate sobre os processos de participação e de empoderamento cidadão, bem como a elaboração de conteúdos informativos, para incrementar a cidadania”. Trata-se, por conseguinte, de sensibilizar os cidadãos sobre os efeitos nos novos processos e das correspondentes consequências, “observando as formas que há para intervir na sociedade em rede para, mediante a literacia digital e a Educomunicação, melhorar a eficácia comunicativa”.

Já Ana Isabel Rodríguez Vázquez falou sobre as “Tendências de consumo de meios e na medição de audiências na Península Ibérica”, em que abordou os novos objetivos que se afiguram na medição de audiências em Espanha e em Portugal, para além da aproximação do conhecimento das principais métricas e dos novos perfis profissionais no atual panorama mediático. Para a investigadora “as medições clássicas de audiências já não são suficientes”, sendo que as mudanças podem passar, nomeadamente, por cada jornalista passar a ser editor da sua própria audiência, “um editor de compromisso (engagement)”.

A investigadora preconiza, assim, avançar no estabelecimento de redes de intercâmbio académico no quadro das relações já estabelecidas com a Universidade do Minho (CECS), reforçando experiências no âmbito da inovação docente e também da investigação. Para além disso, urge perspetivar a criação de uma comunidade de investigação de jovens utilizadores galegos e portugueses “que permita aprofundar os hábitos de consumo mediático deste público num espaço europeu digitalizado”. A convivência dos média tradicionais com os novos média e a sua convergência na rede, “aumentam o interesse de partilhar informação sobre os gostos e as preferências do público”. Esta comunidade conjunta implicaria, assim, “um avanço na estratégica dos projetos em rede que se pretendem fortalecer com esta mobilidade”.

A organização da iniciativa pertenceu ao Departamento de Ciências da Comunicação e ao CECS – Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade (Grupo de Média e Jornalismo e Grupo de Comunicação, Organizações e Dinâmicas Sociais).

Texto e fotos: Vítor de Sousa