Terá lugar, no próximo dia 30 de maio, pelas 14h30, na Sala de Reuniões do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, o Seminário Permanente de Estudos Pós-Coloniais intitulado “Memória, Silenciamentos, Poder: a Guerra Colonial e os espelhos da História”, com Miguel Cardina.
As razões do silenciamento da violência colonial – e da guerra como uma das suas expressões particulares e finais – possuem uma historicidade própria que se articulam com o modo como Portugal imaginou a sua relação colonial. Mais de quarenta anos depois do fim das guerras entre o Estado português e os movimentos de libertação africanos, o conflito permanece ainda hoje em Portugal um palco de evocações fragmentadas e de amnésias persistentes. A forma como é rememorado e esquecido atesta a força de um acontecimento cuja existência não se confina ao seu início e fim cronológico, e cuja presença no presente se revela tanto no que é dito como no que permanece por verbalizar ou por trazer à discussão. Nesta apresentação Miguel Cardina procura mostrar como a guerra, enquanto fenómeno histórico e memorial, foi sendo atravessada por diferentes “políticas do silêncio” que se constituem como uma forma particular e difusa de produção de “políticas da memória”.
Miguel Cardina é investigador do Centro de Estudos Sociais. Foi Vice-Presidente e Presidente do Conselho Científico do CES e membro da coordenação do Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP) (2013-2106). Recebeu em 2016 a bolsa Starting Grant do European Research Council (ERC – Conselho Europeu para a Investigação) na qualidade de coordenador do projeto de investigação «CROME – Crossed Memories, Politics of Silence. The Colonial-Liberation Wars in Postcolonial Times» (2017-2022). É autor ou co-autor de vários livros, capítulos e artigos sobre colonialismo, anticolonialismo e guerra colonial; história das ideologias políticas nas décadas de 1960 e 1970; e dinâmicas entre história e memória.