Seminário Permanente de Comunicação e Diversidade: comentário a filmes premiados sobre imigrantes romenos

Decorreu, no passado dia 17 de outubro, o Seminário Permanente de Comunicação e Diversidade dedicado à exibição e comentário dos filmes  Jumate e Em janeiro, talvez.

Após a visualização das películas, Isabel Macedo, investigadora do CECS, fez o seu comentário enquanto especialista em Migrações e os Estudos Fílmicos. Para Isabel Macedo, vários são os pontos de união dos dois filmes, começando pelo próprio realizador, Diogo Costa Amarante, que também esteve presente no seminário.

A investigadora do CECS alertou para questões como as dificuldades vividas pelos migrantes, nomeadamente os oriundos da Roménia, como era o caso dos protagonistas dos dois filmes; realçou as relações familiares que uniam mãe e filha, em Jumate, e separavam marido e mulher, no filme Em janeiro, talvez; sublinhou a dificuldade dos migrantes em encontrar um emprego num país estrangeiro; destacou os olhares “hipócritas” de quem observa a mulher anã que pede na rua, questionando a importância que o nanismo teve na história de vida de Camelia, a protagonista de Jumate. Sobre os filmes, Isabel Macedo referiu ainda o papel que os média têm na promoção de uma visão estereótipada e negativa dos migrantes.

Diogo Costa Amarante, o realizador de ambos os filmes, concordou com os apontamentos da investigadora, destacando aspetos que o tocaram no período em que acompanhou os seus protagonistas. Um deles foi a relação com a família. Camelia, que fugiu da Roménia e do marido com a filha Andrea, parecia, segundo o realizador, sentir-se satisfeita com a sua emanciapação relativamente ao cônjugue que a oprimia. Diogo Costa Amarante destacou ainda que, apesar da dependência que Camélia tinha para com a filha, a relação de ambas era perfeitamente funcional. No que diz respeito a Daniel, o protagonista de Em Janeiro, talvez, Diogo Costa Amarante disse sentir uma certa identificação com a personagem. Para o realizador, Daniel vivia desiludido com a sua condição profissional, não querendo admitir à esposa o que lhe aconteceu. Em simultâneo, o afastamento da família configurava uma certa liberdade.

A organização deste Seminário contou com a parceria do Close-up – Observatório de Cinema de Vila Nova de Famalicão.

[Texto publicado a 18-10/2018]