No próximo dia 22 de outubro, pelas 15h00, terá lugar a próxima sessão do Seminário Permanente em Estudos Pós-Coloniais. “João Paulo Borges Coelho: ficção e cesura” é o tema; Nazir Ahmed Can é o convidado.
Conciliando regularidade na produção, experimentação no plano formal e coesão no campo do imaginário, João Paulo Borges Coelho publicou desde 2003 oito romances, três volumes de contos e três novelas, registro vertiginoso, que, todavia, não abala o compromisso com o rigor. Ao eleger caminhos formais e temáticos que favorecem a sobreposição (e o consequente questionamento) de tempos e memórias, o alargamento da geografia literária moçambicana, a composição de uma equitativa densidade existencial de protagonistas e personagens secundárias, a diversificação de posturas do narrador e a desestabilização de doxas por via de uma particular pesquisa artística sobre o paradoxo, o autor amplia o código estético da ficção moçambicana e confere um novo dinamismo às letras de língua portuguesa no século XXI. Também com base nesse traçado, João Paulo Borges Coelho identifica algumas linhas de continuidade entre os tempos colonial e pós-colonial. Indisponível para ser encaixilhada em qualquer jargão ou linha teórica, sua estética privilegia o “pó colonial” – os restos emaranhados de um passado recente que, sob outra capa, se revitalizam na atualidade. Tangenciando estes aspectos, procurarei observar o modo como a noção de “cesura”, na contramão de alguns conceitos consagrados nas últimas décadas (como “hibridismo” ou “terceiro espaço”), organiza e mobiliza a ficção de João Paulo Borges Coelho.
Nazir Ahmed Can é Professor Serra Húnter na Faculdade de Tradução e Interpretação da Universidade Autônoma de Barcelona. Doutor em Teoria da Literatura e Literatura Comparada pela Universidade Autônoma de Barcelona e pós-doutor pela Universidade de São Paulo, atuou como Professor efetivo de Literaturas Africanas na Universidade Federal do Rio de Janeiro entre 2015 e 2021 e como Professor Visitante na Universidade de Salamanca entre 2019 e 2020. De suas últimas publicações, destacam-se os livros João Paulo Borges Coelho: ficção, memória, cesura (Folha Seca, 2021), O campo literário moçambicano. Tradução do espaço e formas de insílio (Kapulana, 2020) e, na companhia de Sheila Khan e Helena Machado, Racism and Racial Surveillance: Modernity Matters (Routledge, 2021).
A sessão decorrerá via Zoom.