No próximo dia 5 de dezembro, pelas 10h00, na sala 202 do CP3 ou via Zoom, terá lugar a quarta aula aberta sobre “Temas e problemas em História Social”. Esta quarta sessão é dedicada com tema “Envelhecer em Portugal no período moderno” e conta com a participação de Lisbeth Rodrigues, da Universidade NOVA de Lisboa.
Em 2022, 10% da população mundial tinha 65 anos ou mais, um número que, segundo as projeções, aumentará para 16% em 2050 (ONU 2022). Numa altura em que as sociedades contemporâneas se debatem com os desafios de uma população envelhecida, é crucial compreender o contexto histórico dos sistemas de apoio aos idosos. Esta aula visa apresentar e debater a velhice e os sistemas de apoio aos velhos em Portugal no período moderno, adotando, para tal, uma perspetiva comparada.
As ideias de que o envelhecimento implicava a degradação da condição humana (Minois 1989) ou da existência de uma “idade de ouro do envelhecimento” no período moderno têm sido colocadas em causa (Classen 2007; Botelho & Thane 2016), dando lugar a uma visão mais plural dos sistemas de apoio aos idosos (Ottaway, Botelho & Kittredge, 2002). Os estudos mostram que, apesar da baixa esperança de vida na era pré-industrial (~40 anos), a velhice não só era vivida de forma bastante diferente atendendo à geografia, à cronologia e à cultura (Laslett 1991; Campbell 2017; Troyansky 2019), como também existia uma preocupação constante em viver o mais independente possível nos últimos dias de vida (Ottaway 2009). Nesta linha, vários estudos examinaram as estratégias financeiras para assegurar a velhice através de poupanças (Clark 1982; Pelzl & Zuijderduijn 2022) ou investimentos financeiros (Zuijderduijn & Overlaet 2021).
Apesar dos numerosos estudos sobre a velhice e o envelhecimento na historiografia internacional, os contributos têm-se centrado sobretudo na região do Mar do Norte, nomeadamente em Inglaterra e nos Países Baixos, dando pouca atenção à Europa do sul. Nesta literatura é ainda pouco questionado o papel do género, do estatuto social e da densidade populacional nas experiências e nos cuidados prestados aos velhos.
Esta aula aberta visa não só dar a conhecer a literatura sobre a velhice e o envelhecimento no período moderno numa perspetiva comparada, como enfatizar quatro níveis de análise inter-relacionados: 1) a ajuda institucional aos velhos, 2) as estratégias familiares de apoio à velhice, 3) a proatividade dos indivíduos em encontrar soluções para lidar com a sua própria velhice, e, por fim, 4) a caridade. Pretende-se que os alunos tenham uma visão global dos sistemas (in)formais de apoio à velhice num período anterior à criação do Estado-Providência.