Um ano após os incêndios, pouco mudou em Portugal. Debate do think tank Communitas mantem-se online

Um ano depois dos incêndios que abalaram Portugal e após um fim-de-semana marcado pela passagem da tempestade Leslie, o think tank do CECS, Communitas, abriu espaço a um debate sobre o que pode ter ou não mudado nas instituições e no seu grau de preparação, na forma como se potenciaram espaços de expressão da cidadania e na cobertura jornalística.

O evento contou com a presença do Diretor da Licenciatura em Proteção Civil e Gestão do Território da Universidade do Minho, António Bento Gonçalves, da Editora-executiva Adjunta do Jornal de Notícias, Paula Ferreira, e da investigadora do CECS, Ana Melo, tendo sido a sessão moderada por Madalena Oliveira, também investigadora do CECS.

António Bento Gonçalves abriu o debate traçando um panorama do país. De entre várias ideias, referiu que, um ano depois dos incêndios, existem ainda 61 concelhos sem plano de defesa da floresta, não há uma aposta no ordenamento e na gestão do território, assim como se assiste, paralelamente, a uma mudança no clima. Apesar do panorama negativo, o professor da Universidade do Minho destacou o papel das universidades enquanto elemento ativo na prevenção dos incêndios, referindo o caso da Universidade do Minho que abriu este ano letivo (2018/2019) a licenciatura em Proteção Civil.

Paula Ferreira, do Jornal de Notícias, deu início à sua intervenção lembrando o dia 15 de outubro de 2017, em que estava de escala. “Ninguém imaginava que depois da tragédia de Pedrógão, voltasse a acontecer o mesmo”. Para a jornalista, pouco mudou desde então: “é preciso mudar o modo como se olha para o país nas redações”. Ainda assim, Paula Ferreira referiu que “estamos mais atentos. Os incêndios obrigaram a um olhar mais crítico”.

Ana Melo, investigadora do CECS, contribuiu para o debate referindo a existência de movimentos de participação cívica. “Com os fogos surgiu uma onda de participação com objetivos diversos”, explicou. Para a investigadora, os média têm um papel importante enquanto motivadores de participação e orientadores em caso de emergência.

Muito se mantem por fazer no que respeita à prevenção dos incêndios. O ano que passou trouxe alguma mudança que, para os participantes, não é ainda suficiente.

O debate estende-se a toda a comunidade através do site do think tank Communitas.

[Texto publicado a 16-10-2018]